Luís Filipe Santos, Agência ECCLESIA
Nos últimos dias, os portugueses têm acordado e adormecido com um altar-palco que vai ser construído em Lisboa para as Jornadas Mundiais da Juventude. Cada órgão de comunicação social tenta encontrar novos dados para colocar cada vez mais sensionalismo nas notícias dos milhões de euros.
Quando no Panamá, onde se realizaram as últimas JMJ, foi anunciado o nome de Portugal a alegria foi notória, tanto dos membros da Igreja como da política. Passados quatros anos, o gáudio deu lugar a várias conferências de imprensa onde o A passa a responsabilidade para o B e o C tenta perceber o que se passa entre o A e o B. Tudo isto podia ser evitado se o diálogo fosse bem tricotado entre as partes envolvidas.
O preço do altar-palco “magoou”, mas será assim tão necessária uma estrutura com aquele tamanho? Os protagonistas da JMJ não são as pessoas que vão para o altar-palco mas os jovens que chegam a Portugal dos vários cantos do mundo.
Uma coisa é certa… falou-se da JMJ que se realiza, de 01 a 06 de agosto em Lisboa, mas a aquela publicidade era dispensável.
Durante estes dias quantificou-se tudo… Desde os milhões a gastar nas obras até ao retorno financeiro pós JMJ. Notícias centradas no riquismo faraónico que fogem do fulcro central do evento daquela envergadura.
O palco pode colocar Portugal no mundo inteiro, mas não é pelo tamanho nem pelos materiais utilizados… As palavras pronunciadas naquele palco, no próximo mês de agosto, é que podem mudar a mentalidade dos jovens que são a força motriz do mundo. O retorno deve ser mais espiritual e não tanto económico… Se tal não for entramos no mercantilismo da religião.
Estas Jornadas Mundiais da Juventude podem ser uma aula prática do documento do Papa Francisco «Laudato Sí». Não vamos desperdiçar a oportunidade.
Na terra que me viu crescer realizou-se, este fim-de-semana, um festival de sopas com o objetivo dos jovens angariarem fundos para irem ao encontro mundial de jovens. Cada pessoa pagava meia dúzia de euros e podia saborear os manjares disponíveis. Os jovens ficaram contentes porque tiveram umas centenas de euros de lucro.
Não foi notícia na comunicação social porque não envolveu milhões e os protagonistas não são conhecidos. O verdadeiro espírito da JMJ passa mais pelo festival das sopas do que pelo palco-altar.
Luis Filipe Santos