O Espírito que apressadamente quer acolher a todos

António Pedro Abreu, Diocese de Santarém

Foi em janeiro de 2019 que ouvimos e acolhemos as palavras do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que para sempre ficarão eternizadas no seio de todos os portugueses – “Conseguimos! Portugal! Lisboa! Esperávamos, desejávamos, conseguimos! Vitória!”. Um reboliço de emoções e preocupações percorre o país independentemente da convicção de quem acolhe a notícia. Na realidade, recebemos neste agosto um dos maiores eventos à escala mundial e que pretende reunir todas as nações, povos e línguas. O impacto social deixado é sem precedentes e ninguém pode ficar indiferente a esta pressa que surge e que toca todos.

Voltando ainda às palavras do nosso Presidente, não podemos deixar de perceber o espelho da nossa sociedade neles. Este jeito português de querer fazer mais, fazer melhor; de querer acolher e querer mostrar o que melhor temos; querer mostrar a força, a garra, a fé, em suma, aquilo que nos move. Este sentido de casa que é tão terno que não pode ficar contido. Acho que este é verdadeiramente o lema que os milhares de voluntários levam no seu coração – o dar-se sem medida e sem esperar outra recompensa. À imagem de Maria que se dá à humanidade para que se faça a vontade de Deus, também este mar de jovens se dá incondicionalmente a esta imagem de amor que é acolher, preparar e rezar por esta Jornada Mundial da Juventude, e, como pede o Santo Padre, não deixa que outros sejam os protagonistas da mudança que querem ver no mundo. (Da visita Apostólica do Papa Francisco ao Brasil por ocasião da XXVIII Jornada Mundial da Juventude)

De maneira especial, gostaria de partilhar a grande caminhada que se tem vivido na construção do coro e orquestra que irão compor a liturgia de todos os eventos centrais desta JMJ. Primeiramente pela vivência em primeira pessoa desta caminhada mas principalmente porque tenho rezado esta demostração do amor de Deus que se tem revelado neste grupo de jovens que começou a caminhar há cerca de três anos.

De uma maneira objetiva vemos o quão hercúlea será a tarefa de conduzir centenas de jovens oriundos das mais diversas partes de Portugal (continental e ilhas) numa tarefa que, de modo geral, tem como objetivo uma unicidade que se alcança com a relação entre todos, tornando o grupo num corpo que atua com um sentido. Penso que, de maneira igualmente objetiva, se demostra que Deus age de forma misteriosa e molda aqueles que por ele são tocados. A transformação vista em todos nós é verdadeiramente incrível; não falando apenas da forma como o coro progride na preparação de todas as peças, mas como um verdadeiro corpo se formou e forma, mais uma vez, através do sacrifício pessoal e deste trabalho que continua sem esperar nada em volta, mas apenas se dá pelos outros e por esta missão a que somos chamados. Creio que esta é a imagem de todos aqueles voluntários que diariamente se dão por este encontro.

De todas as diversas convicções e opiniões, uma delas será incontornável, em agosto, de 1 a 6, a cidade de Lisboa vai ser palco de um dos mais espantosos encontros do mundo e, certamente, será a prova viva do espírito português que acolhe, que recebe e que, mesmo apressadamente, irá, sem dúvida, ao encontro de todos os jovens e à missão que Deus lhe confia.

António Pedro Abreu
Estudante de Mestrado em Engenharia e Arquitectura Naval – IST
Integrante do Coro para as JMJ 2023
Interlocutor Regional para as JMJ 2023 da Região de Santarém – CNE

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Agência ECCLESIA

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