O combate ao aquecimento global, ao crime económico, ao fumo, à sinis-tralidade rodoviária, à evasão fiscal e a tantos outros males, sempre promovida pelo longo braço da lei, criaram uma sociedade mais policiada e regulamentada. As apertadas leis do trânsito tornaram já circular numa tarefa perigosa e suspeita. Fumar ou dar um tabefe a um filho constituem crimes sérios, muito piores do que o adultério ou o insulto às autoridades. A sociedade protege a minha liberdade de abortar, mas não de vender bolo-rei com brinde ou despedir um preguiçoso. Aquilo que a cultura, os usos e costumes sempre solucionaram, salta agora para o domínio público, através dos programas do governo, das portarias, dos julgamentos, das prisões. Reflexões de João César das Neves no livro “O doce evaporar da liberdade” e editado pela Verbo.