O Divino Espírito Santo, nesta casa vai entrar…

Luísa Gonçalves, Diocese do Funchal

Hoje não opino, divulgo! E divulgo uma tradição que é muito importante para os madeirenses: as Visitas Pascais, aqui conhecidas também por Visitas do Espírito Santo.

Nalgumas paróquias começam no próprio Domingo de Páscoa, noutras no domingo logo a seguir e terminam com o Pentecostes. Após a missa da manhã os irmãos, vestidos com opas vermelhas, percorrem as casas de cada sítio da freguesia, levando a bandeira, o pendão e a coroa do Divino Espírito Santo.

Quando está presente, o pároco anuncia a ressurreição de Cristo, abençoando a família e a casa com água benta. Nesse momento, o pensamento muitas vezes voa para longe, para junto dos que estão ausentes do seio da família ou aqueles que já faleceram.

Mesmo assim, hoje, com a facilidade de comunicação, já se fazem “diretos” para os que estão fora possam acompanhar toda a visita. Em cada casa é deixado um postal com uma oração. Em troca é recolhida a oferta que cada família pode dar.

As saloias, crianças vestidas com o traje típico e ornamentadas com fios de ouro, levam nos seus cestos de vimes, pétalas de flores que vão lançando em momentos próprios.

À entrada e saída das casas, elas cantam quadras alusivas ao Divino Espírito, enquanto os músicos acompanham com o acordeão, o braguinha ou a viola:

– “O Divino Espírito Santo/nesta casa vai entrar/mandado p’lo Pai Eterno/a família abençoar”.

– “Vinde Pai dos pobrezinhos/esta família abençoai/a grandes e pequeninos/vossas graças derramai”.

Depois da oração e das cantorias, há sempre tempo para um convívio com a partilha de broas, doces ou salgados.

A Visita Pascal é um tempo de alegria e de festa para as famílias das paróquias da Diocese do Funchal, que acolhem esta visita com entusiasmo e expetativa.

Ainda hoje há o hábito de limpar a casa e de a ornamentar, de convidar família e amigos para estarem presentes neste momento único de uma tradição que, apesar de tudo, parece querer permanecer viva.

E digo apesar de tudo, porque em muitos locais, sobretudo nos mais citadinos, nem sempre a porta do apartamento se abre, porque nem sempre o padre, que tem várias paróquias, consegue acompanhar as saídas e porque hoje os caminhos são diferentes dos de antigamente.

Já o Senhor que vão anunciar, esse, é sempre o mesmo: vivo e ressuscitado!

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Agência ECCLESIA

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