Em dia de jogo da selecção nacional de futebol, uma reflexão sobre os valores éticos da prática desportiva A Europa vive com entusiasmo e paixão, de 7 a 29 de Junho, o Euro 2008, que traz a algumas cidades da Suiça e da Áustria muito turismo, movimento de multidões, convívio, diálogo e a festa do desporto-rei, o futebol. É um mês de grande movimentação mediática. O desporto, a pessoa humana, a comunidade europeia, o Euro 2008 são realidades que vão ser apreciadas, referenciadas, discutidas, criticadas, aplaudidas. No entanto, o comum dos cidadãos portugueses mais não conseguirá do que ver e ouvir os desafios, as reportagens e os diálogos televisivos ou radiodifundidos. Esperemos que este serviço mediático seja portador de mensagens salutares e de alegrias reconfortantes. Que, através dele, apreciemos pela prática do bom futebol os valores éticos desportivos, como o desenvolvimento global da pessoa humana que exercita, no corpo, na inteligência e na vontade, o sentido de fraternidade, a magnanimidade, a destreza, a beleza, a honestidade e o respeito. Estes são alguns dos valores do atleta desportivo a que poderá juntar, com elegância e nobreza de carácter, a lealdade, a amizade, a partilha, a perseverança, a generosidade de esforços e a solidariedade. Por isso, o atleta do futebol, acostumado aos exageros das multidões que umas vezes aplaudem e entusiasmam e outras destroem e assobiam, terá de ser, sempre, a personagem forte e serena da festa que mostra o talento recebido de Deus, deliciando e recreando os outros na procura e luta pela vitória. O talento desportivo é, assim, um dom de Deus, que se manifesta, com mais ou menos exuberância, no jovem atleta, para triunfo do valor, da qualidade e da técnica humanas. E neste contexto os valores éticos e morais têm um papel importantíssimo, pois, são eles que levam a equipa ao triunfo e semeiam no grupo e na assistência a edificação, o respeito e o genuíno convívio e entretenimento. São Paulo, na Carta aos Coríntios (1Cor 9, 24-25) sublinha a dimensão espiritual do desafio, da luta, da corrida, para nos advertir que, para além do troféu corruptível que exige robustez física e firmeza de carácter, devemos lutar por alcançar o troféu incorruptível que exige ponderação, treino intenso e interiorização a lembrar os deveres espirituais que se devem cultivar na prática desportiva e nos tornam, verdadeiramente, atletas de Cristo. Será oportuno lembrar que esta jornada desportiva, a nível europeu, entrando-nos em casa por todas as estradas, portas e janelas dos media, nos envolvem com os seus entusiasmos ou angústias, de tal modo que, como portugueses e europeus, não podemos deixar de ver, de apreciar, de aplaudir ou de reprovar o comportamento das equipas que lutam pela vitória, de modo especial, a atitude e o comportamento desportivo da selecção portuguesa. Nunca amaldiçoemos o desporto, quando executado com perfeição e talento. Sempre que os homens quiserem, ele será manifestação de arte, de beleza e de prazer.