O Cinema medido ao Minuto

Com uma presença crescente na produção cinematográfica, o filme de acção e policial, hoje designado thriller, tem sido um dos refúgios do melhor cinema de simples entretenimento. Mesmo que por vezes inclua alguns apontamentos críticos à sociedade é, de forma geral, destinado a manter o público preso à acção e a algum suspense adicional. Dentro desta linha «88 Minutos» é um caso exemplar. Narrado em boa parte em tempo real consegue manter um ritmo nunca quebrado, nem sequer intercalando, como é hábito, suficientes sequências em tom calmo e pacífico para quebrar a tensão, que se mantém do início ao final. A forma adoptada permite superar alguns aspectos bastante inverosímeis e tapar pontos confusos, uma vez que a acção nos faz esquecer o pormenor e a passar rapidamente de uma situação para outra. A realização está a cargo de Jon Avnet cineasta com filmes de valor entre os quais se cita «Justiça Vermelha», esse sim, carregado de crítica política e social. E Avnet escolheu Al Pacino para o principal papel, pedindo-lhe um esforço acrescido para estar permanentemente em cena, deixando pouco espaço aos secundários. A caracterização do actor é excelente, sobretudo no seu ar desleixado e indiferente ao próximo, depois de ser um psiquiatra forense bem instalado na vida, em directo contraste com o seu aspecto impecável, anos antes, ainda em início de ascensão na carreira. O argumento – a necessidade de resolver um caso policial num tempo limitado – está longe de ser original, mas a ele se deve boa parte da intensidade dramática atingida. Não se conte com uma obra profunda, passível de uma análise de valor muito elaborada, mas apenas com um trabalho bem executado, orientado para o divertimento do público e com as inevitáveis sequências de violência mantidas até certo ponto dentro de uma discrição necessária para que se não caia no descontrolo do ambiente criado. Francisco Perestrello

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