O catolicismo na China

Igreja lembra fiéis chineses numa jornada de oração, a 24 de Maio O cristianismo chega a terras chinesas em 635, durante a dinastia Tang. O Bispo persa Alopen, que liderava uma delegação de Bagdad, representante da Igreja do Oriente, foi recebido pelo imperador Taizong, da dinastia Tang, em Changan, a então capital da China. Uma das suas primeiras actividades foi a tradução dos livros que tinha trazido consigo, para difundir a mensagem cristã. Depois de três anos, o cristianismo recebeu a aprovação do monarca. Recentes descobertas arqueológicas confirmam que a China já tinha comunidades cristãs no século VIII, 800 anos antes dos primeiros missionários vindos de Macau terem começado a divulgar o Evangelho no país. O cristianismo voltou a ganhar vitalidade na época da dinastia Yuan (1206-1368) com o imperador mongol Gengis Kahn, cuja esposa era cristã. Esta circunstância favoreceu os contactos entre os católicos romanos e a China, que recomeçaram no século XIII, quando Papa Inocêncio IV (1234-1254) enviou, como seu embaixador, frei Giovanni da Pisa del Carmine (1182-1226). Em 1253 foi enviado um outro franciscano, Guglielmo de Ruysbroeck, mas sem obter sucessos diplomáticos. Em 1294, chegou a China o franciscano Giovanni da Montecorvino, enviado directamente pela Santa Sé, que conseguiu ser admitido na corte chinesa e construiu uma igreja. A sua chegada acelerou o desenvolvimento da Igreja Católica na China. Em 1307, o Papa Clemente V nomeou-o arcebispo de Pequim e metropolita da China, mas a difusão do cristianismo foi bloqueada pela dinastia Ming. O século XVI é a data em que se acredita que a religião católica se expandiu na China, graças à acção dos Jesuítas do Padroado Português do Oriente, que tinham base em Macau. Na evangelização da China destaca-se sobretudo o missionário italiano Matteo Ricci, que chegou ao país em 1582, tendo entrado na corte do próprio imperador chinês, tal como diversos jesuítas depois dele, entre os quais o português Tomás Pereira. A chamada “Questão dos Ritos” rompeu a amizade entre um representante da Igreja Católica e a corte chinesa. Um outro período crítico da história do cristianismo na China ocorre entre a Guerra do Ópio e a Guerra dos Boxers (1842-1900). Depois da Guerra do Ópio, a Santa Sé propôs à China de enviar um Núncio Apostólico, criando as premissas para enlaçar relações diplomáticas com a China. O responsável chinês pelas relações diplomáticas propôs enviar, por sua vez, um representante à Santa Sé. A oferta foi aceite pelo Papa Leão XII, mas a França opôs-se a essa nomeação, ameaçando interromper as relações diplomáticas com a Santa Sé. Em 1922, o Papa Pio XI nomeou um delegado apostólico na China, D. Celso Benigno Luigi Costantini. Quatro anos depois, a 28 de Outubro de 1926, Pio XI consagrou, em Roma, os primeiros 6 bispos chineses. No entanto, a China foi invadida pelos japoneses, que constituíram na região da Manchúria, o Estado do Manchukuo. Com a intenção de proteger os missionários da fúria japonesa, a Igreja reconheceu este estado fantoche, nomeando ali um seu representante oficial, decisão que nunca será perdoada pelos comunistas que chegarão ao poder em 1949. Em 1946 a Santa Sé nomeou um Internúncio chinês, D. Antonio Riberi, junto do governo da China, e nomeou o primeiro Cardeal chinês, D. Tien Ken-sin. Foram instituídas 20 arquidioceses e 79 dioceses. A ruptura Em 1949, com o advento da República Popular Chinesa, começa uma nova fase das relações entre Santa Sé e China. A 1 de Outubro de 1949 foi proclamada por Mao Tsetung a República Popular Chinesa. No dia 1 de Julho do mesmo ano, um decreto do Santo Ofício condenava o comunismo e qualquer tipo de colaboração entre os católicos e os comunistas. O ano de 1951 marcou a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan. Foi nesse momento que as relações diplomáticas terminaram. Em 1952, o Papa Pio XII confirmou as decisões do Internúncio, não aceitando uma Igreja separada da Santa Sé e, em seguida, reconheceu formalmente a China Nacionalista de Formosa (Taiwan), onde D. Riberi se estabeleceu depois da expulsão da China. Em 1957, o governo chinês cria a Associação Patriótica Católica (APC), e constitui uma Igreja patriótica com Bispos eleitos pelo povo e consagrados pelos Bispos patrióticos, suspendendo assim qualquer comunicação com a Santa Sé.

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