D. António Monteiro será lembrado, no futuro, pelo papel preponderante na abertura institucional da Igreja Católica ao diálogo com as outras confissões cristãs Começa-se pouco a pouco a construir uma memória nítida da figura de D. António Monteiro, Bispo de Viseu falecido este sábado. A opinião de todos é unânime, neste momento de perda, em destacar o homem prestável, aberto ao diálogo e capaz de gestos marcantes. Um deles aconteceu no dia 20 de Fevereiro de 1992, quando o falecido Bispo era presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé: D. António Monteiro convidou os responsáveis das Igrejas metodista, presbiteriana e lusitana cristãs portuguesas para um encontro oficial. Este foi o ponto de partida dos “Encontros Ecuménicos Nacionais” entre representantes do Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC)e da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé, da Conferência Episcopal Portuguesa. D. António Monteiro é considerado por todos os que estiveram envolvidos no processo como “um entusiasta do movimento ecuménico”. Da sua equipa faziam parte também D. Manuel da Rocha Felício e D. Jorge Ortiga. “Teve um papel preponderante na abertura institucional da Igreja Católica Romana ao ecumenismo”, comenta D. Fernando Soares, bispo da Igreja Lusitana, um dos muitos responsáveis religiosos que hoje estiveram presentes no funeral do Bispo de Viseu. Eduardo Borges de Pinho, professor da UCP e especialista em ecumenismo, considera que o trabalho de D. António Monteiro nesta área ficou marcado “pelo entusiasmo e a seriedade”. “Os anos em que foi presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé foram anos de um grande impulso no encontro entre as confissões cristãs existentes em Portugal”, refere à Agência ECCLESIA. Estes resultados deveram-se, segundo Borges de Pinho, ao sentido prático do Bispo de Viseu, “que o levou a perceber que, neste domínio, o importante passa por acções concretas, para provocar a mudança, e nesse sentido foi uma figura importante”. CAPUCHINHO ATÉ MORRER D. António Monteiro foi, praticamente, um dos fundadores da Província dos Capuchinhos e o primeiro Ministro Provincial de Portugal, em 1969, cargo para o qual foi reeleito em 1972. “Tinha muita iniciativa, tenacidade e entusiasmo, tendo marcado a nossa família religiosa em muitas frentes, nomeadamente na vertente da fraternidade e na da sabedoria”, revela Frei Acílio Mendes, actual Ministro Provincial. A acção do falecido Bispo de Viseu sentiu-se também na Conferência Nacional dos Institutos Religiosos de Portugal. Já como líder da Diocese de Viseu, D. António Monteiro permaneceu ligado ao seu carisma de Capuchinho, deslocando-se regularmente à comunidade da Ordem presente na cidade. Notícias relacionadas • Um homem que estava perto do clero • D. António Monteiro levantou bem alto a bandeira da família • Faleceu D. António Monteiro, Bispo de Viseu
