O Ano Jubilar: um tempo consagrado às relações

Graça Almeida, Missionária Comboniana

O Jubileu 2025 é, para os cristãos, incluindo todos, todos, todos os outros, um tempo sagrado para celebrar, “repensar as relações que nos unem, enquanto seres humanos e comunidades políticas: para superar a lógica do confronto e, em vez disso, abraçar a lógica do encontro”, disse o Papa Francisco aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, no discurso do novo ano.

 

Amar, cuidar, perdoar, sorrir e acolher

As Irmãs Missionárias Combonianas (IMC) estão presentes no Sudão do Sul através das seguintes missões: Renk, Malakal, Juba, Wau, Cueibet e Gidel. Esta última situa-se nos montes Nuba.

A Ir. Beta Almendra, IMC, é diretora do Centro Diocesano da Pastoral Litúrgica PALICA e professora na Universidade Católica. Desde há cinco anos em Wau, conta-nos a sua preocupação deste momento:

“O Sudão do Sul tem vivido uma situação muito difícil de insegurança, a todos os níveis. O Acordo de Paz(,) assinado em 2018 pelas partes em conflito, é muito vulnerável. Todos os dias escutamos histórias de violência extrema. É um tempo difícil para os funcionários públicos, que não recebem salário desde há 18 meses. Com este constrangimento, as escolas, os hospitais, as universidades e outras instituições públicas não podem funcionar.

Aqui vamos fazendo o que é possível no dia a dia, sabendo que a Esperança não engana» (cf. Romanos 5,5).

 

A presença da Igreja

O Sudão do Sul é rico em recursos naturais e, para além disso, é um país com uma população predominantemente jovem, com uma expressiva taxa de natalidade. Só no Hospital Daniel Comboni, gerido pelas Irmãs Missionárias Combonianas em Wau, nascem em média cinco bebés por dia. É também o país mais jovem do mundo. Conquistou a sua independência em 2011, fazendo de Juba a sua capital.

“A Igreja é, neste contexto, um verdadeiro farol de esperança”, conclui numa entrevista recente o Cardeal Stephen Ameyu Martin Mulla, Arcebispo de Juba.

 

Mas, acima de tudo, a Esperança

Num mundo onde a vida se encontra constantemente ameaçada, recebemos os seguintes testemunhos recolhidos em Wau, no Sul do Sudão, pela Ir. Beta Almendra.

 

Sonhando esperei

Joseph Fiberto, catequista a tempo inteiro em Wau, conta-nos como a Esperança alimenta e realiza os seus desejos mais profundos: “Um dia, o Senhor Bispo, convidou-me a preparar as crianças para a primeira comunhão. No entanto, acalentava ainda outro sonho: poder ver um dia o Santo Padre, o Papa João Paulo II. Para meu espanto, fui enviado para Roma, onde permaneci dois anos preparando-me para ser catequista. E já que os sonhos terrenos, que parecem impossíveis se realizam, espero também aquela que é para mim a mais importante das esperanças: ver Jesus face a face quando morrer. Com esse objetivo, vivo hoje! Pois sei que na Fé, na Esperança e no Amor tudo se torna possível.”

 

A razão do meu caminhar

Para a estudante da Escola Secundária de Comboni, Serafina Mário, acreditar que a Esperança a conduz à realização da própria vida é o que a motiva e a move. “Em qualquer circunstância, consigo sempre ver o melhor da vida e, com fé, dirijo-me a Deus pedindo-lhe força e coragem para avançar.  Pois sei que Deus me guia sempre na direção certa. Como jovem estudante, desejo que o meu estilo de vida possa refletir o caminho de Deus para mim em tudo o que faço. Por isso confio! Pois a Esperança vai à minha frente!”

 

O sinal de que Deus está presente

Butrus Lovis Kamilo, seminarista e estudante: “A Esperança é acreditar num Deus sempre presente a moldar a vida de todos os dias. Ele é o Deus vivo que nos conduz por caminhos de amor a nós desconhecidos que, abrindo-nos à dimensão da eternidade, apontam-nos o futuro, colocando-nos no Reino de Deus, onde a vida encontra a sua plena realização”.

São apenas alguns testemunhos de resiliência de pessoas que olham para o mundo da dor e do sofrimento com a fé no Deus Amor, Senhor da vida e da história.

Graça Almeida, IMC
Missionária Comboniana
graca.almeida6@gmail,com
tlm. 916423388

Em Parceria com a Missão PRESS (mensalmente no dia 24) 

(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)

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