O ano 2009 na análise do Patriarca de Lisboa

D. José Policarpo comenta alguns acontecimentos que marcaram a sociedade e a Igreja Católica durante o ano de 2009, nomeadamente a proposta legislativa sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a actual legislatura e o projecto de Troufa Real para a nova a igreja do Restelo.

D. José Policarpo considera que os homossexuais “não têm direito ao casamento”. Numa entrevista à Ecclesia onde analisa acontecimentos da sociedade portuguesa que marcam o ano 2009, o Patriarca de Lisboa comenta o debate em torno do casamento entre pessoas do mesmo sexo, certo de que “há matérias que não são referendáveis”. “O referendo é um instituto político, que não compete sequer à Igreja pedi-lo, a meu ver”. Mas se houver referendo, “pela nossa palavra e pelo nosso diálogo, esclareceremos os cristãos e toda a gente que quiser ouvir-nos das nossas razões. No caso, de um voto não”.

Em questões éticas, “a grande arma da Igreja é a convicção através da palavra” e o diálogo. “Diante de questões muito ‘quentes’, que tocam a consciência, os católicos que são muito contra correm o risco de ficar na plataforma política, de reagir só politicamente”. “Mas o meio clássico da Igreja estar na sociedade é o testemunho dos cristãos, a diferença marcada pela atitude que se tem diante das realidades, e o diálogo com toda a gente”, refere o Patriarca de Lisboa.

Nesta entrevista à Ecclesia, D. José Policarpo comenta também o actual momento da democracia portuguesa, a “minoria do Governo” que “dá ao Parlamento uma intervenção e um poder que não tinha na maioria absoluta”, desafiando os representantes do povo a “uma responsabilidade acrescida de porem sempre o bem de Portugal acima dos interesses partidários”.

O equilíbrio de poderes entre os órgãos de soberania, o papel do Presidente da República e urgência de encontrar consensos inter-partidários, a respeito do endividamento público ou a regionalização, por exemplo, merecem a análise do Patriarca de Lisboa.

A resposta da Igreja Católica, nomeadamente na diocese de Lisboa, à crise económica e social, através do projecto “Igreja Solidária”, a necessidade de um estudo sócio-pastoral do patriarcado e a visita do Papa Bento XVI a Portugal são temas também abordados por D. José Policarpo.

Sobre a igreja do Restelo, do arquitecto Troufa Real, diz “não morrer de amores”. “Falta a gramática com que aprendi: a inspiração do mistério em cada pedra que se põe, em cada parede que se faz”. Após o percurso normal na aprovação de um projecto destes, por parte da Câmara Municipal e da Diocese, afirma agora “não poder dar o dito por não dito”. Assim, compara a contestação que o projecto está agora a merecer a uma “tempestade” que a caravela atravessa e diz ter indicadores de que alguns aspectos serão melhorados, como a altura da torre da igreja. “Na concepção arquitectónica, o mastro da caravela é a torre da igreja. É talvez alta de mais… Não sei se uma caravela com um mastro daqueles consegue navegar…”

Amanhã, dia 31, a entrevista ao Patriarca de Lisboa será emitida no programa Ecclesia e publicada na Agência Ecclesia. As análises de D. José Policarpo integrarão também as emissões do Programa Ecclesia na Antena 1 nos primeiros dias do novo ano.

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