Núncio pede globalização da fraternidade

D. Rino Passigato criticou subjugação «ritmo dos mercados», na apresentação de cumprimentos de Ano Novo ao presidente da República Portuguesa

Queluz, Lisboa, 16 jan 2014 (Ecclesia) – O núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) em Portugal, afirmou hoje que é necessário promover uma “globalização da fraternidade universal” para assegurar um real “progresso” de todas as sociedades.

“A humanidade encontra-se hoje perante um dilema: ou é subjugada por uma globalização neutra e sem rosto, ao ritmo dos mercados, da assimetria dos processos económicos e dos ritmos de desenvolvimento, com a acentuação progressiva das clivagens e das injustiças, ou luta por uma globalização com sentido humano, cujo ritmo seja marcado pelas culturas”, disse D. Rino Passigato, na cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo pelo Corpo Diplomático acreditado em Portugal ao presidente da República, no Palácio Nacional de Queluz.

O arcebispo italiano sustentou que a globalização só significará um “progresso qualitativo da humanidade” se a dimensão cultural “lhe marcar o ritmo e desvelar o sentido”.

“O fenómeno da globalização exige, da parte de todos, uma ética que atenda às necessidades básicas das pessoas e dos povos, segundo um critério universal de verdade e de justiça, que garanta a dignidade e o bem comum de cada indivíduo e comunidade”, observou.

Nesse sentido, o representante diplomático do Papa destacou a importância de um esforço comum para eliminar “a ostentação da riqueza, os desequilíbrios entre pobres e ricos, a chaga do desemprego, o esbanjamento dos recursos naturais, os atentados à ecologia humana e ambiental”.

Portugal, precisou, “está entre os que se preocupam em ajudar a resolver os grandes problemas que afligem a humanidade”.

“A sua História é toda uma odisseia de feitos no sentido da expansão da convivência intercultural, nas suas mais variadas vertentes”, referiu.

D. Rino Passigato citou a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 2014, na qual se defendia que as crises económicas “devem levar a repensar adequadamente os modelos de desenvolvimento económico e a mudar os estilos de vida”.

O decano do Corpo Diplomático em Portugal encerrou a sua intervenção com um apelo em favor de uma “cada vez maior e consistente união internacional, intercivilizacional e intercultural”.

“É alto privilégio trilhar com Portugal os caminhos da globalização das culturas, que hão de tornar a família humana mais justa, pacífica e fraterna”, concluiu o núncio apostólico.

Na sua intervenção, o presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva fez um balanço de 2013, salientando que, apesar de não ter sido “um ano fácil para Portugal”, a economia registou sinais que permitem encarar 2014 com “esperança”.

OC

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