Cavaco Silva recebeu o Corpo Diplomático para cumprimentos de Ano Novo e não esquece: «crise é um tempo de acção concertada» 
O Núncio apostólico em Portugal, D. Rino Passigato, sublinhou esta tarde ao Presidente da República e ao Corpo Diplomático o desejo de fraternidade na missão diplomática, que “mais não é do que o esforço para alcançar, a nível global, o bem da Liberdade”, e o trabalho pelo “ideal humanista”. Na cerimónia de cumprimentos de Ano Novo do Corpo Diplomático ao Presidente da República, Cavaco Silva, D. Rino Passigato afirmou que “a crise que hoje se debatem todos os povos do mundo não é somente económica. É também moral. Para superá-la urge congregar as melhores energias de todos os homens do mundo. E estamos seguros de que Portugal não vai regatear o seu esforço neste desafio”. Dos primeiros “passos que dei em Lisboa”, referiu D. Rino Passigato, “pude apreciar o trabalho que Portugal realiza para fomentar o desenvolvimento e a cooperação entre os povos”. 
Cavaco Silva não esqueceu a crise económica e financeira no seu discurso ao corpo diplomático. O Presidente da República afirmou que este “é um tempo de desafios, que pede uma resposta, “uma acção concertada a nível internacional”. “Uma concertação que exige instituições multilaterais representativas e respeitadas, capazes de garantir e fazer respeitar compromissos colectivamente assumidos”. Cavaco Silva sublinhou que “sem uma representatividade mais próxima da realidade e dos equilíbrios de hoje, as Nações Unidas tenderão a ver a sua legitimidade crescentemente posta em causa”. O Presidente da República frisou que a crise encerra uma oportunidade para “levar a cabo a necessária revisão da arquitectura financeira internacional, adaptando-a à realidade dos nossos dias”. O possível impacto da crise económico-financeira nos países mais carenciados “merece uma especial preocupação”, frisou, apontando ser inaceitável que, com o pretexto da crise, “as economias capazes de mobilizar enormes recursos para estabilizar o sistema financeiro, se afastassem do cumprimento dos compromissos assumidos em matéria de Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”. Cavaco Silva afirmou que 2009 será um ano em que a diplomacia portuguesa irá estar envolvida no exercício da Presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), “que tem como prioridade a promoção e afirmação internacional da língua portuguesa”. “Acredito que agindo de forma colectiva e responsável poderemos ultrapassar as incertezas do presente e fazer de 2009 um marco na edificação dos alicerces de uma nova era de prosperidade global”, finalizou. Recentemente, Cavaco Silva recebeu, em Belém, o Núncio Apostólico. No encontro na residência oficial do Presidente da República, a Concordata de 2004 foi um dos temas abordados, tendo sido explícita a “vontade recíproca de levar por diante o processo de aplicação no ordenamento jurídico português”.