«Aumento das despesas militares é afronta à humanidade», diz representante do Papa

Viena, 17 set 2025 (Ecclesia) – A delegação do Vaticano na conferência geral da Agência Internacional para a Energia Atómica (AIEA), a decorrer em Viena, apelou ao fim da proliferação do nuclear e criticou o investimento em armamento.
“O aumento das despesas militares é uma afronta à humanidade inteira”, disse o subsecretário do Vaticano para os Assuntos Multilaterais, monsenhor Daniel Pacho.
A 69.ª sessão ordinária da conferência geral da AIEA decorre de 15 a 19 de setembro no Centro Internacional de Viena, Áustria, com a presença de representantes dos Estados-membros da agência internacional.
O responsável do Vaticano considerou um “imperativo moral” prevenir proliferação de armas atómicas e garantir o uso pacífico da energia nuclear
“A incongruência de destinar recursos preciosos para o desenvolvimento e a acumulação de armas nucleares contrasta fortemente com o facto de tantas pessoas neste planeta estarem a lutar para sobreviver”, alertou monsenhor Daniel Pacho.
O subsecretário do Vaticano para os Assuntos Multilaterais sublinhou que qualquer confronto nuclear “teria, sem dúvida, um impacto irreparável e devastador e produziria uma perda de vidas humanas sem paralelo”.
A intervenção, nesta terça-feira, evocou a “terrível guerra na Ucrânia” e a crise no Médio Oriente, incluindo ataques militares a instalações nucleares do Irão, situações com “o potencial de levar a uma nova escalada, tornando a situação ainda mais delicada”.
Citando o Papa Leão XIV, o representante da Santa Sé defendeu “a necessidade de dar nova vida à diplomacia multilateral” e às instituições internacionais, travando “a produção de instrumentos de destruição e morte”.
Já em Genebra, o observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas e outras organizações internacionais participou na 13.ª reunião sobre a convenção relativa às bombas de fragmentação.
“É urgente restabelecer um equilíbrio pacífico nas relações internacionais e prosseguir num esforço coordenado para promover o desarmamento em favor da construção da paz”, disse o arcebispo Ettore Balestrero.
O representante diplomático da Santa Sé apontou ao “profundo desequilíbrio” entre as despesas militares – mais de 2,7 mil milhões de dólares em 2024 – e os recursos limitados destinados às vítimas de conflitos ou as pessoas necessitadas.
“A obrigação de providenciar a própria defesa não deve transformar-se numa corrida ao rearmamento”, sustentou D. Ettore Balestrero.
OC