Novo Presidente da União das Misericórdias Portuguesas apresenta-se

Entrevista de Manuel Lemos ao «Solidariedade», mensário da CNIS Manuel Lemos foi eleito presidente da União das Misericórdias Portuguesas, no passado dia 25 de Novembro, sucedendo ao padre Vítor Melícias, que cumpriu cinco mandatos à frente da Instituição, que representam 15 anos. O padre franciscano Vítor Melícias, foi escolhido para presidir à Mesa da Assembleia-Geral da União das Misericórdias Portuguesas. Manuel Lemos é o terceiro presidente da União das Misericórdias Portuguesas. O primeiro foi o padre Virgílio Lopes e o segundo o padre Vítor Melícias. Na eleição, que decorreu em Assembleia-Geral realizada em Fátima, votaram 228 misericórdias, sendo que 212 votaram a favor da lista única que elegeu Manuel Lemos para a presidência do Secretariado Nacional, numa das melhores votações de sempre. Manuel Augusto Lopes de Lemos tem 57 anos, é natural do Porto e é licenciado em direito. Foi Deputado, Presidente da Administração Regional de Saúde do Porto, chefe de gabinete da Ministra da Saúde, Leonor Beleza, Comissário Regional do Norte da Luta Contra a Pobreza, Vice-Presidente do Comité “Poverty Alleviation” das Nações Unidas, representante de Portugal no Comité Para os Assuntos Sociais da União Europeia. Desempenhou muitas funções em Instituições do Sector Social, como, por exemplo, Vice-Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, Presidente da Comissão de Saúde da União das Misericórdias Portuguesas e Presidente do Grupo Misericórdias Saúde, entre muitas outras. O Solidariedade falou com Manuel Lemos. SOLIDARIEDADE – Embora conte com ele na presidência da Mesa Assembleia-Geral, substituir na UMP o padre Vítor Melícias é um desafio. Isso vai corresponder a alguma alteração estratégica de acção e intervenção? MANUEL LEMOS – Não no essencial. Nutro pelo Dr. Melícias uma sólida e profunda amizade e uma ilimitada admiração, mas somos naturalmente diferentes. Quando ao longo do período eleitoral visitei as Misericórdias fiz questão de deixar bem claro que não pretendo ser nem um clone, nem uma cópia do Padre Vítor Melícias. Tenho a minha idiossincrasia própria e as Misericórdias sabem isso bem porque não sou um recém chegado a este mundo tão gratificante. No entanto, no que respeita à estratégia de intervenção, penso que o caminho que vimos trilhando em conjunto é o correcto, sem prejuízo dos ajustes de circunstância que cada momento exigirá. SOLIDARIEDADE – Quais serão os seus grandes desafios e objectivos enquanto líder da UMP? MANUEL LEMOS – O maior desafio é o de adequar a Missão das Misericórdias à realidade do primeiro quartel do Século XXI, mantendo a sua cultura e os seus valores de sempre. Dito de outra forma: ultrapassados os ciclos da sobrevivência das Misericórdias, após o trauma da nacionalização dos Hospitais e o da consolidação do Movimento, nestes 30 anos que se seguiram ao 25 de Abril, importa agora percorrer um ciclo de afirmação da importância e razão de ser das Misericórdias na sociedade portuguesa. A União das Misericórdias Portuguesas deve ser um instrumento fundamental para esse ciclo. SOLIDARIEDADE – Tem havido uma maior preocupação do Estado em controlar a qualidade dos serviços prestados nas instituições sociais. As relações da UMP com o poder político podem sofrer alterações derivadas da sua eleição? MANUEL LEMOS – Penso que não, embora tudo dependa da forma como as Misericórdias se comportarem em união. O Presidente da UMP é o Presidente da UMP independentemente de se chamar João, José ou Manuel. Não me represento a mim próprio, mas à mais importante Instituição da Sociedade e Cultura Portuguesa. Claro que é pressuposto uma liderança serena, equilibrada, determinada, coerente e credível. Ora, se não tivesse condições para exercer essa liderança não teria sido candidato nem as Misericórdias teriam votado na Lista que liderei tão maciçamente. SOLIDARIEDADE – Conhece o acordo de cooperação assinado e, por certo, identifica a tendência do Estado em mudar as regras de financiamento. Concorda com a tendência de apoiar as famílias directamente? MANUEL LEMOS – Concordo. Esse é o espírito do Pacto de Cooperação Para a Solidariedade Social que considero um documento único e que todos os actores sociais, mas todos os actores sociais, deviam ter sempre presentes. Olhe, por exemplo, aceitar a responsabilidade das famílias é enterrar a questão das comparticipações nos Hospitais das Misericórdias que de vez em quando, uns tantos e o próprio Estado põem em dúvida. Mas é evidente que uma coisa é aceitar o princípio, outra é confundir o princípio com transferências directas de verbas para as famílias. O Estado deve apoiar directamente as famílias, mas para que esse apoio seja efectivo deve transferir as verbas respectivas para as Instituições nos precisos termos desse apoio. SOLIDARIEDADE – De que forma a sua eleição pode contribuir para um diálogo social profícuo entre as representantes das instituições e misericórdias, designadamente a CNIS? É possível admitir a criação de formas de colaboração efectiva? MANUEL LEMOS – O diálogo sempre existiu e quando existiu foi sempre profícuo. Acredito, no entanto, que será tanto mais profícuo, quanto seja mais claro para todos, que as mais valias decorrerão sempre do reconhecimento e do respeito pela diversidade da UMP e da CNIS. Mas reconheço que existe um potencial de desenvolvimento que aliás tive já ocasião de expressar ao Presidente da CNIS, Dr. Lino Maia.

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Agência ECCLESIA

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