D. Filomeno Vieira Dias apela à unidade D. Filomeno Vieira Dias tomou posse, no passado sábado como Bispo de Cabinda, numa missa que teve lugar na Sé Catedral da cidade. O prelado frisou este compromisso na muito aguardada homilia pronunciada durante o culto eucarístico, assistido por mais ou menos mil fiéis. “Orai por mim, para que saiba ser junto de vós um digno e eficiente servidor do Evangelho, na verdade e na beleza. Este é o meu lema episcopal. Em tudo, verdade e beleza”, rezou. Ciente da adversidade que retardou demoradamente a sua tomada de posse, anunciou um programa pastoral que valoriza a união. “O nosso programa, portanto, será centrado e partirá da Eucaristia (…) O nosso programa, irmãs e irmãos, será refazer, renovar aquele vínculo espiritual mais íntimo entre o homem e deus, união que atinge o seu apogeu como realidade, intensidade na comunhão eucarística”, referiu. D. Filomeno especificou a vontade de abertura para todos os seus diocesanos, numa postura que pretende honrar os seus prestigiados predecessores locais e a dignidade da missão. “Procurarei situar-me como pastor que dá a vida pelas ovelhas e vive para que eles vivam e tenham uma abundância”, prometeu. “Aqui estou e aqui estarei como aquele que não tem outro interesse, senão o maior bem do rebanho, que o Senhor nos confiou por deliberação de João Paulo II, confirmada por Bento XVI, felizmente reinante”, acrescentou. Advogando a binómio unidade e paz, o Bispo de Cabinda apelou para o trabalho de todos na “comunhão em Cristo, que quer fazer de nós um só rebanho guiado por Ele instruído, guiado, alimentado e santificado”. “Faremos isto com a presença de todos, sem excepção. Estamos convictos de ser o nosso ministério pastoral, ministério da união. A Igreja é ministério da união. O contrário seria a negação da nossa fé. O contrário seria a negação dos mártires, a negação da tradição milenar da Igreja, também esta de Cabinda, esta Igreja de Deus que está em Cabinda”, completou. Diálogo sincero Também, o presidente da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST) e Arcebispo de Luanda, D. Damião Franklim, que interveio na mesma ocasião, para apaziguas os espíritos. “«Estou aqui em nome de Cristo e da sua Igreja apelando a um clima de paz e concórdia, de modo a que os problemas que realmente preocupam a população (de Cabinda) possam ser resolvidos pelo diálogo sincero e não pela violência”, afirmou. Por outro lado, desmentiu os círculos que alegaram que o novo Bispo não fora nomeado pelo Papa, mas sim por influência do governo angolano. Acredita ter ficado atrás o “buraco da Idade Média, em que chefes feudais e outros magnates do capital influenciavam e manipulavam as nomeações episcopais e as ordenações sacerdotais”. Na cerimónia, coube ao Bispo cessante, D. Paulino Madeca, a leitura da mensagem trazida da Santa Sé, subscrita pelo Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos, dirigida ao clero de Cabinda. “Não há lugar nesse dia e nos dias a seguirem para contestações e polémicas”, realçou a mensagem a dado passo, apelando para o fim das divisões com a tomada de posse do novo Bispo. O Núncio Apostólico em Angola, D. Ângelo Becciu, também se manifestou optimista. Em declarações à Agência Lusa, o Núncio estimou que “depois de tudo o que aconteceu, tenho a certeza de que, com a ajuda de Deus, a Igreja de Cabinda vai experimentar um novo período de unidade e de comunhão”. O novo Bispo de Cabinda era Bispo Auxiliar de Luanda quando foi nomeado pelo Papa João Paulo II, a 11 de Fevereiro de 2005. Tem presentemente 47 anos de idade e é licenciado em Filosofia pela Universidade Gregoriana e doutorado em Teologia pela Universidade Lateranense. Estudou jornalismo no Instituto Católico de Paris e é actualmente presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação Social da CEAST. Entre outros cargos, desempenhou as funções de Reitor do Seminário Maior de Luanda e vice-reitor da Universidade Católica de Angola.