D. José Alves toma posse do cargo para que foi designado a 8 de Janeiro D. José Alves, nomeado Arcebispo de Évora a 8 de Janeiro, vai tomar posse da Arquidiocese já este Domingo, dia 17, na Catedral local, pelas 16h00. “Ser nomeado para dar continuidade à acção apostólica de Arcebispos tão apostólicos como os últimos quatro que tive a graça de conhecer, mais do que uma honra é uma responsabilidade. Disso estou consciente. Mas aceito-a com serenidade e com entusiasmo, confiado na superabundante graça de Deus e na acção generosa e competente de uma plêiade de colaboradores”, afirmava o novo Arcebispo na primeira mensagem que dirigiu à Igreja em Évora. De regresso à Diocese onde foi seminarista e foi ordenado sacerdote em 1966, D. José Alves assegura a todos: “Podeis contar comigo que eu conto também convosco”. O texto dirige-se ainda a crianças, jovens, idosos, doentes, pobres, seminaristas e “todas as entidades e instituições de governo e de serviço público, de educação e cultura, de saúde e de acção social, de economia e desenvolvimento regional, que actuam na vasta área da maior diocese portuguesa”. Pouco depois da sua nomeação, D. José Alves disse à Agência ECCLESIA que O novo Arcebispo de Évora quer dar continuidade ao projecto pastoral que os antecessores desenvolveram, “um processo de transformação pastoral que a diocese de Évora tem sofrido”. O prelado destacou o conhecimento do terreno que já possui, sublinhando as dificuldades colocadas pela interioridade. Évora está condicionada pela desertificação e pelo envelhecimento da população, em especial dos meios mais pequenos. “São condicionantes graves para o desenvolvimento socioeconómico e também pastoral de qualquer local”, adianta o novo Arcebispo. Esta realidade pede uma “adaptação e remodelação dos projectos pastorais”, pois o número de jovens e crianças está a diminuir e o número das pessoas mais velhas, aumenta. A desertificação populacional é outra das preocupações que o novo Arcebispo manifesta. Esta será uma questão a acompanhar de perto, “fazendo alguma pressão, uma vez que a responsabilidade directa é das entidades governativas”. Acrescenta que esta situação “não está nas mãos dos bispos”, mas não refuta o exercício de “alguma influência através de algumas propostas que podemos lançar”. Quem é? O novo Arcebispo de Évora é natural da Diocese de Guarda. D. José Francisco Sanches Alves nasceu a 20 de Abril de 1941, na freguesia de Lageosa (Sabugal). Estudou Filosofia e Teologia nos seminários da Diocese da Guarda. Em 1966, a 3 de Julho, foi ordenado presbítero na Catedral de Évora. Em Roma fez o Curso de Ciências da Educação, na Pontifícia Universidade Salesiana, onde obteve o doutoramento em Psicologia. A sua actividade pastoral passou, primeiro, pela Arquidiocese de Évora, onde foi pároco de Escoural, Professor do Instituto Superior de Teologia, Secretário diocesano da Catequese e Reitor do Seminário Maior de Évora. De 1988 a 1998 foi Vigário Geral da Diocese. Na Arquidiocese de Évora foi ainda Coordenador Diocesano da Pastoral e Presidente do Cabido da Catedral. A 7 de Março de 1998 foi nomeado Bispo auxiliar de Lisboa, com o título de Gerpiniana. A ordenação episcopal celebrou-se em Évora, a 31 de Maio de 1998. Desde essa data, o seu trabalho pastoral decorreu no Patriarcado de Lisboa onde, além de outras actividades, era Vigário Geral e Moderador da Cúria. A 22 de Abril de 2004 foi nomeado por João Paulo II como Bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco. É vogal do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa e, desde 11 de Abril de 2002 preside à Comissão Episcopal de Acção Social e Caritativa, hoje Comissão Episcopal para a Pastoral Social. D. Maurílo de Gouveia diz adeus D. José Sanches Alves sucede a D. Maurílio Gouveia, que apresentou a renúncia do governo pastoral da Arquidiocese por ter atingido o limite de 75 anos previsto no Cân. 401§1 do Código de Direito Canónico. Mais de 26 anos depois, Arcebispo madeirense deixa governo pastoral da Arquidiocese e vai dedicar-se ao “silêncio, oração e estudo”. Na mensagem que escreveu aos fiéis de Évora, D. Maurílio de Gouveia fala do seu sucessor como “um Pastor dotado de grandes qualidades” capaz de conduzir a Diocese “pelos caminhos seguros da fé, da comunhão e da evangelização”. “D. José Francisco Sanches Alves está profundamente ligado à Igreja de Évora. Natural da Diocese da Guarda, estudou nos nossos seminários; foi ordenado presbítero para o serviço desta Arquidiocese, onde, de facto, viria a assumir diversas funções, algumas de grande responsabilidade, como a de Vigário Geral, até ao dia em que o Santo Padre o nomeou Bispo Auxiliar de Lisboa”, recorda. “A Arquidiocese de Évora terá assim um Pastor, já com longa experiência pastoral, para além de uma sólida e vasta cultura e um valioso testemunho de fé”, assegura D. Maurílio. O Arcebispo emérito assegura que “a partir de agora, afastado embora juridicamente das responsabilidades pastorais, mas continuando unido afectivamente à comunidade diocesana e a cada um dos seus membros, procurarei consagrar-me inteiramente ao serviço da Igreja, com particular atenção à Arquidiocese de Évora”. “Será uma entrega feita sobretudo de silêncio, oração e estudo, a que juntarão, conforme a Vontade de Deus se manifestar, outras formas de colaboração, em favor do crescimento da Igreja e do bem da sociedade”, assinala. Arquidiocese de Évora A primeira notícia de um bispado em Évora data do Concílio de Elvira (303) em cujas actas figura o nome de Quinciano, Bispo de Évora. No período visigótico, a História regista os nomes de sete Bispos. Depois da conquista, D. Soeiro foi o primeiro de uma série de 35 Bispos (1166 a 1540), seguida de outra de 27 Arcebispos (1540-1981) que abriu com o Cardeal Infante D. Henrique. Na divisão eclesiástica de 1394 (Bula “In Eminentissimae Dignitatis” de Bonifácio IX) a Diocese de Évora ficou sufragânea de Lisboa, abrangendo toda a região alentejana. Pela Bula “Gratiae Divinae Praemium”, de 29.9.1540, Paulo III elevou a Sé de Évora à dignidade metropolítica, ficando com as de Silves e Tânger como sufragâneas. Em 1549, do seu vasto território, o mesmo Papa separou a parte a norte, ao criar a Diocese de Portalegre (Bula “Pro Excellenti Apostolicae Sedis” de 21.8.1549, executada em 24.4.1550), que ficou sufragânea de Lisboa. O mesmo Papa destacou ainda a parte oriental para constituir a Diocese de Elvas (Bula “Super Cunctas”, de 9.6.1570), que ficou sufragânea de Évora; mais tarde, por breve de 10.7.1770, Clemente XIV separou a parte Sul para constituir a Diocese de Beja. Com a remodelação diocesana ordenada por Leão XIII (Bula “Gravissimum Christi”, de 3.9.1881) a Diocese de Elvas foi extinta, ficando a Arquidiocese aproximadamente com o actual território. Em 1975 foi desmembrada uma pequena parte a favor da Diocese de Setúbal. O título de Arcebispo Metropolita, atribuído ao titular desta Diocese, indica que o mesmo preside a uma província eclesiástica constituída por diversas Dioceses. Este sistema administrativo veio da divisão civil do Império Romano, depois da paz de Constantino (313). Em tempos mais remotos, o Metropolita tinha largos poderes de jurisdição, que foram gradualmente reduzidos, sobretudo a partir do Concílio de Trento. Actualmente o Código de Direito Canónico (435-438) atribui-lhe a convocação e presidência do Conselho Provincial e, em certos casos, algumas intervenções nas dioceses sufragâneas. A insígnia própria é o pálio, que lhe é concedido pelo Papa. Em Portugal, desde o princípio da nacionalidade, há três províncias eclesiásticas: Braga, Lisboa e Évora. Dados estatísticos (Anuário Católico de Portugal 2007) Superfície (Km2) 13 547 População – 290 400 Católicos – 246 325 Arciprestados (vigararias ou ouvidorias) – 9 Paróquias (ou equiparadas) – 158 – com pároco próprio (clero diocesano) -130 – com pároco próprio (clero religioso) -17 – confiadas a diáconos permanentes – 10 Capelanias – 40 Sacerdotes diocesanos (incardinados) – 84 – em serviço pastoral na diocese própria – 66 – em serviço pastoral noutra diocese – 16 – fora do serviço pastoral – 2 Sacerdotes religiosos residentes na diocese – 31 – total ou em parte ao serviço da diocese – 22 – ao serviço estrito do seu instituto – 9 Religiosos professos não sacerdotes – 9 Religiosas professas residentes na diocese – 150 Diáconos Permanentes (já ordenados) – 10