Arquidiocese de Braga quer um coordenador por paróquia No Sábado, é assinalado, em Braga, o Dia Arquidiocesano do Catequista, uma jornada festiva que marca o arranque de mais um ano de trabalho pastoral, que os responsáveis consideram «decisivo» para o futuro da catequese na arquidiocese. São esperados cerca de 2.500 catequistas no santuário do Sameiro, os quais terão oportunidade de conviver e de obter formação complementar, já que se realizarão diversos workshops temáticos. Em antevisão do próximo ano de trabalho, o coordenador do Departamento da Catequese da Arquidiocese de Braga, padre Luís Miguel Rodrigues, disse ao Diário do Minho que um dos principais objectivos passa por estabelecer pelo menos um coordenador da catequese em cada uma das 551 paróquias que compõem a arquidiocese. «Vamos procurar que essa figura seja referenciada em cada paróquia, porque será privilegiado o contacto com ela, de forma a que a mensagem passe e chegue a todos os catequistas », frisou o sacerdote. É claro que as estruturas intermédias, dos arciprestados, terão igualmente um canal privilegiado com os serviços centrais da arquidiocese, salientou o mesmo responsável. Para o coordenador «não basta dizer e apelar para que as paróquias se organizem», indicando que o departamento da catequese vai dar «indicações de como isso se faz». O padre Luís Miguel Rodrigues não esconde que «a luta» para este próximo ano pastoral passa para que cada paróquia eleja um ou dois coordenadores da catequese e, com isso, seja possível «estabelecer uma cadeia de comunicação» entre a arquidiocese, arciprestados e paróquias. Para além de outras iniciativas, o coordenador arquidiocesano adiantou que, em Outubro, será elaborado um boletim que chegará à mãos de todos os coordenadores paroquiais. Nesse boletim, de edição trimestral, poderá encontrar- se uma ou duas reuniões estruturadas para que os coordenadores possam realizar com os catequistas da sua paróquia. Para além disso, a publicação contará com um dossier temático para além de outro tipo de informação. A nível arciprestal, o Departamento da Catequese da Arquidiocese de Braga prevê realizar uma reunião de coordenadores, na qual será dada formação complementar aos responsáveis das paróquias. «Precisamos de fazer formação incisiva que mude uma realidade que tem de melhorar », asseverou o padre Luís Miguel Rodrigues, avançando que, no próximo dia 22 do corrente mês, se realizará um fórum de catequistas formadores. Para essa jornada de trabalho, o responsável indicou que será sugerido que seja participada por «todos os catequistas que possam e tenham habilitações para dar formação e, com isto, criar- -se uma “bolsa de recursos” de formadores». Para além daquelas iniciativas, o Departamento da Catequese da Arquidiocese de Braga vai remodelar a página na Internet, acrescentando-lhe notícias e conteúdos, de forma a contribuir para «operacionalizar a formação que cada catequista vai adquirindo ou já possui», revelou o padre Luís Miguel Rodrigues. Será ainda lançado o “Cartão de Catequista” que será entregue a cada um, no final das acções de formações que se forem realizando. «No fundo queremos operacionalizar a formação adquirida pelos catequistas, rentabilizar outras formações que possam ser aplicadas ao serviço da catequese e, com tudo isto, conseguir- se elevar a qualidade da catequese na diocese», rematou o responsável. Catequistas estão na “frente de batalha” No processo de renovação da Igreja, o coordenador do Departamento da Catequese da Arquidiocese de Braga, padre Luís Miguel Rodrigues, defende que «a catequese não pode continuar a ser entendida como uma simples iniciativa baseada na boa vontade de alguns e na improvisação ». Daí decorre a necessidade de pensar, de organizar e de actualizar a catequese; buscar novos rumos; animar os catequistas e criar, entre todos os membros da comunidade, uma autêntica comunhão eclesial, pois todos partilham da missão evangelizadora da Igreja. A este cenário acresce a realidade verificada na sociedade as últimas décadas, onde a ocorrência de um conjunto de profundas mudanças culturais, colocaram dificuldades sempre diferentes à educação da fé. Com efeito, se se proceder a uma atenta análise à situação actual da catequese, conclui-se que a situação dos catequizandos apresenta-se cada vez mais diversificada, tanto a nível etário, bem como no que diz respeito à sua prática religiosa. Hoje, muitas crianças chegam à catequese sem um conhecimento mínimo dos princípios que orientam a vida cristã. Para além disso, a indiferença religiosa difunde-se cada vez mais e surgem, igualmente, muitos adultos e jovens com percursos muito variados. Mesmo depois dos jovens cristãos completarem um itinerário de dez anos de catequese, o padre Luís Miguel Rodrigues refere que a ignorância religiosa continua profunda. A isso soma-se o crescente afastamento da prática dominical, ao ponto de muitas crianças que frequentam a catequese, não participarem na missa dominical. Tendo a catequese a missão de anunciar a Palavra de Deus, a fim de despertar a fé nos catequizandos, verifica- -se, no entanto, que estes se encontram cada vez menos predispostos para responder ao anúncio do Evangelho, indica o coordenador diocesano da catequese. Ora, esta situação «precisa de ser consciencializada e reflectida», salienta o sacerdote. Na sua opinião, «para que a catequese realize eficazmente a transmissão da fé num mundo culturalmente adverso, torna-se, pois, urgente que todos os membros da comunidade cristã, “pedras vivas” da Igreja, se consciencializem das suas responsabilidades e assumam, todos, o seu compromisso para com a missão evangelizadora da Igreja». Por todos estes factores é que, a Arquidiocese de Braga vai apostar tudo no estabelecimento de coordenadores ou de equipas coordenadoras de catequese em cada paróquia. O próprio Directório Geral da Catequese aponta para a importância de uma efectiva coordenação da catequese da comunidade cristã, uma vez que esta visa «a unidade da fé, a qual sustenta todas as acções da Igreja» (DGC 272). Com efeito, a organização da catequese na paróquia não é uma dimensão meramente superficial que pertença só ao pároco e ao catequista. Pelo contrário, é importante a formação de uma equipa coordenadora que assuma a sua missão articuladora e animadora da catequese, promovendo a união de esforços e fomentando, entre os seus membros, a participação, a cooperação, a corresponsabilidade, de forma a tornar eficaz todo o processo catequético. «As pessoas convidadas a formar esta equipa têm que ter um coração grande, cheio de amor, humildade, abnegação e simplicidade, a fim de realizarem, com alegria, a missão para que foram convocados», sustenta o padre Luís Miguel.