Nova imagem para o Santuário de Fátima

Igreja da Santíssima Trindade pretende transformar a relação dos peregrinos com o recinto e responder a novas necessidades O Santuário de Fátima promoveu esta Terça-feira uma visita guiada à nova igreja da Santíssima Trindade, obra que pretender transformar a relação dos peregrinos com o recinto, procurando responder a novas necessidades. De acordo com o Reitor do Santuário, Mons. Luciano Guerra, tinha-se tornado evidente que a antiga Basílica não conseguia responder às crescentes “multidões intermédias”, cada vez “mais frequentes e maiores”. Neste contexto, revelou ainda que “a actual Basílica deve ser destinada ao culto dos Pastorinhos”, os Beatos Francisco e Jacinta. “Esperamos que um dia também a Ir. Lúcia”, acrescentou. A nova igreja procurar, assim, acolher os grupos entre 1500 a 10 000 pessoas, sendo certo, desde já, que as grandes multidões continuarão a reunir-se no espaço exterior. Com a nova construção, indicou o Reitor, as pessoas poderão “ver bem, ouvir bem, estar abrigadas das intempéries e sentar-se”. Este responsável admitiu mesmo que, no futuro, sejam preferidos “espaços cobertos”. Sob o ponto de vista arquitectónico, houve a ideia de fechar mais o espaço do Santuário, para criar um “espaço de oração”, gerando uma dimensão de “interioridade e intimidade”. Falando da relação entre a actual Basílica e a nova igreja, Mons. Luciano Guerra destacou a intenção de criar uma “construção humilde”, que estivesse enquadrada nas estruturas já existentes. A mesma ideia foi defendida por Alexandros Tomabazis, arquitecto que projectou a obra, para quem as cores escolhidas se integram em todo o conjunto. Como sinal desta vontade de “não gerar conflitos” entre as duas obras, a Basílica actual permanece como ponto mais alto do recinto do Santuário. “O objectivo principal não foi criar competição entre a basílica já existente e a área de esplanada”, confirmou Tombazis, para quem este é “um espaço muito horizontal, neutral em relação à área de oração e à avenida circundante” O arquitecto grego mostrou ainda fascínio pela inclinação natural do solo, que desce desde a Basílica e volta a subir junto à igreja da Santíssima Trindade. “Acredito que cria um diálogo com a Basílica”, referiu, em relação à sua obra, um espaço fechado por baixo, mas que projecta para o alto no cimo. O director do Serviço de Ambiente e Construções do Santuário, Erich Corsépius, admitiu que a Basílica inaugurada em 1952 enferma de “um certo anacronismo”, com recurso a estilos antigos, revelando que os 9 projectos apresentados, em linguagem moderna, foram feitos “com completa liberdade”. Para o Reitor do Santuário, há nesta igreja a “recuperação das aparições do Anjo, com centralidade ao culto da Santíssima Trindade”. Essa decisão permite “a acentuação dos fundamentos teológicos da peregrinação a Fátima”. Números O Reitor indicou que a obra foi financiada “integralmente com as ofertas dos peregrinos do Santuário de Fátima”. O montante final ronda os 70 milhões de Euros, já incluídos os custos com obras de arte e mobiliário (vários milhões de Euros). O aumento dos custos deveu-se, segundo os responsáveis do Santuário, a “trabalhos suplementares e à actualização de preços”. Faltam ainda a passagem subterrânea e obras de beneficiação nas Avenidas circundantes, com custo previsto de 10 milhões de Euros para o Santuário. Por isso, o Reitor lamentou os atrasos verificados, considerando que o Santuário foi “vítima dos ritmos nacionais”. Com mais de 300 empresas e 3200 trabalhadores envolvidos na edificação da igreja, tudo acabou por correr sem problemas de maior, a nível de segurança. O Santuário irá promover, no próximo dia 20 de Outubro, uma celebração para todos os que estiveram envolvidos na construção e, segundo o Reitor, admite a colocação de um pequeno monumento de homenagem a estes trabalhadores. Quanto ao futuro, Mons. Luciano Guerra diz que “a máquina actual do Santuário vai ocupar-se” da nova igreja, mas admite a necessidade de criar mais alguns postos de trabalho, para além de contar com a colaboração dos voluntários e do corpo de Servitas. A título de curiosidade, este responsável disse não saber “absolutamente nada” em relação a voos de peregrinos desde o Vaticano, mas admitiu que “seria interessante ter um aeroporto internacional” perto de Fátima, mas “suficientemente distante para não perturbar o Santuário”. Algo que não acontece com a pista da Giesteira, que “está perto demais”, prejudicando a tranquilidade e a reflexão dos crentes. O Reitor considerou ainda que “há também um fundamentalismo mariano”, mas que o Santuário tem procurado manter um equilíbrio apesar de ser “fortemente atacado” à esquerda e à direita. Noutro âmbito, reconheceu que a grande maioria dos peregrinos são pobres e que, na devoção a Fátima, “há muita ignorância e ingenuidade”.

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