Segunda edição da Clericus Cup quer ser uma resposta à violência que ensombra o mundo desportivo na Itália Iniciou-se esta Terça-feira a segunda edição do campeonato de futebol do Vaticano, a Clericus Cup, que junta 16 equipas de religiosos e seminaristas de Roma. O torneio surge numa altura em que a violência ensombra o mundo desportivo na Itália e quer mostrar “o verdadeiro valor do desporto”. Mais de 380 jogadores de 71 países, incluindo Portugal, defrontam-se até ao próximo dia 3 de Maio numa iniciativa promovida pelo Centro Desportivo Italiano (CSI), organismo católico, e patrocinada pelo Conselho Pontifício para os Leigos, do Vaticano e o Comité Olímpico Italiano (CONI) . Italianos, mexicanos, colombianos, norte-americanos e croatas dominam a lista de inscritos. Há também participantes de destinos mais “exóticos”, como Myanmar, Burkina-Fasso, Vietname, Japão, Iraque ou a Suazilândia. O mais velho é o escocês John Breen, nascido em 1950, e os mais novos David A. Gelvis (venezuelano) e o italiano Gabriele Fornuto, nascidos em 1988. Em relação ao campeonato passado, conquistado pelo Redemptoris Mater, há quatro novas equipas, perfazendo dois grupos de oito. Destaque para a Universidade Salesiana, que contará com um adepto especial, o Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano. O presidente do CSI, Edio Costantini, negou que a Clericus seja o primeiro passo para a criação de uma selecção nacional do Vaticano, assegurando que “não há nenhuma intenção” de avançar nesse sentido. Já D. Josef Clemens, secretário do Conselho Pontifício para os Leigos, fez questão de sublinhar que este torneio “é um bom exemplo num período difícil para o futebol italiano”. Ontem, no jogo inaugural, o Mater Ecclesiae, dos Legionários de Cristo, venceu o Seminário Maior de Roma por 5-3, no desempate por pontapés da marca de grande penalidade, após um empate (1-1) no final do tempo regulamentar. O jogo disputou-se, pela primeira vez, fora do Oratório de São Pedro, tendo tido lugar no Estádio dos Mármores, em Roma, cedido pelo CONI. As 16 equipas, divididas em dois grupos, defrontam-se ao longo de sete jornadas, durante as quais os jogos têm duas partes de 30 minutos e algumas alterações relativamente às regras do futebol de 11. Em primeiro lugar, é possível efectuar 5 substituições e cada equipa tem a possibilidade de pedir um pedido de desconto (time-out) de 1 minuto. Em caso de empate, os jogos seguem para o desempate através dos pontapés da marca de grande penalidade: quem ganha leva 2 pontos e quem perde fica com 1. As acções disciplinares também têm novidades: alguns casos de expulsão directa (faltas em situação de golo iminente) são substituídas por expulsões temporárias de 5 minutos, com um cartão azul, aplicável também a “comportamentos incorrectos, incluindo protestos”, como se lê no regulamento da competição. Nos quartos-de-final e meias-finais, em Abril, aplica-se o sistema de eliminação directa, com jogos a duas mãos à imagem da Liga dos Campeões. A final terá lugar no mesmo estádio da partida inaugural, mas a maioria dos jogos realiza-se no Oratório de São Pedro, com vista para o Vaticano. Entre todas estas curiosidades do “Mundial de batina”, de referir também um cartaz mostrado no primeiro jogo, onde se lia “A Eucaristia é o nosso doping”.