O Verão caminha para o final. Reabrem as aulas. O trânsito volta a ser infernal e o estacionamento impossível. O Cinema, por sua vez, entra na nova época trazendo a esperança de um bom ano em termos de qualidade. Vai longe o tempo em que o Verão era dedicado apenas, ou quase apenas, a reposições. Havia oportunidade de rever filmes de anos passados ou “apanhar” aquela obra que nos escapara na ocasião da sua estreia. Hoje a estratégia é bem diferente. Ao longo do Verão manteve-se a cadência de estreias como no auge da época alta. Mas este ritmo respeita apenas à quantidade, pois no decurso do Verão reduziram-se drasticamente as obras de interesse, salvo as destinadas a um público restrito que estrearam num muito limitado número de salas. Reposições houve algumas, por vezes de qualidade elevada como o caso do ciclo de Chaplin, mas estiveram longe de constituir a regra. No que respeita a cinema de larga divulgação comercial o primeiro passo foi dado com «Terminal de Aeroporto», de Steven Spielberg. Em breve se seguirá «Homem em Fúria» de Tony Scott, «A Vida é um Milagre» de Emir Kusturika, «A Vila» de M. Night Shyamalan e «Inveja» de Barry Levinson. O cinema em língua portuguesa está programado com uma certa profusão, embora alterações de última hora sejam de prever no sentido de distribuir os títulos por um período mais alargado. Acabado de estrear o filme português «Sem Ela», de Anna da Palma, prevê-se para esta semana «André Valente», de Catarina Ruivo. Duas primeiras obras, duas cineastas em que devemos pôr a nossa esperança num futuro de sucesso. Ainda na língua portuguesa anunciam-se três filmes brasileiros, «O Homem que Copiava» de Jorge Furtado», Diários de Motocicleta de Walter Salles e «Madame Satã» de Karim Ainouz. Um bom início para que não tenhamos um ano dominado apenas pelo cinema americano, o que se reforça com os numerosos filmes europeus e de outras origens que se encontram previstos na programação. Francisco Perestrello