Numa altura em que a solidariedade é mais do que nunca necessária, os Bancos Alimentares Contra a Fome voltam a apelar, no próximo fim-de-semana, à generosidade do público em mais uma campanha de recolha de alimentos. A solidariedade sempre renovada dos portugueses volta a ser posta à prova num momento de particular dificuldade e necessidade: nunca como agora fez tanto sentido a ideia de que é possível fazer a diferença apenas com um pequeno gesto.
Em 15 regiões do país (Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Beja, Aveiro, Abrantes, São Miguel, Setúbal, Cova da Beira, Leiria-Fátima, Oeste, Algarve, Portalegre, Braga e Santarém), mais de 23.000 mil voluntários devidamente identificados estarão à porta dos estabelecimentos comerciais a convidar os portugueses a associarem-se a uma causa que já conhecem, doando as suas contribuições em alimentos.
Numa época em que muitas famílias portuguesas se encontram em dificuldades, a partilha e a solidariedade são mais do que nunca necessárias. Os desempregados, os idosos, as crianças e as famílias desestruturadas são os grupos mais atingidos pela situação de forte agravamento da situação económica que se vive em Portugal e no Mundo.
Para fazer face a um crescente número de pedidos de apoio que tem vindo a chegar aos Bancos Alimentares contra a Fome, é forçoso que estes alarguem a sua capacidade de resposta. Concretizar esse objectivo e minorar as carências de muitos, atingidos indiscriminadamente pela contundência da crise económica, está nas mãos de cada um e de todos, respondendo “presente” com um “pequeno” gesto à medida da disponibilidade individual e que se torna “grande” no colectivo.
A combinação da solidariedade generosa dos portugueses e da eficácia comprovada da acção dos Bancos Alimentares Contra a Fome na tentativa de minorar a penosa realidade das carências alimentares, constitui a prova evidente de que a sociedade civil se pode – e deve – substituir-se com vantagem ao Estado na resolução de alguns dos problemas com que se confrontam as sociedades modernas, tornados recentemente ainda mais evidentes e agravados pela crise económica, que trouxe consigo um significativo abrandamento da actividade e um brutal e súbito agravamento do desemprego.
Produto da campanha distribuído localmente
A campanha decorre nos moldes tradicionais durante o fim-de-semana de 30 e 31 de Maio: voluntários dos Bancos Alimentares Contra a Fome, devidamente identificados, solicitam a participação do público à entrada dos estabelecimentos comerciais. Para participar nesta campanha, basta aceitar um saco do Banco Alimentar e nele colocar bens alimentares para partilhar com quem mais precisa. São privilegiados os produtos não perecíveis, tais como leite, conservas, azeite, açúcar, farinha, bolachas, massas, óleo, etc.
A campanha mobilizará mais 23.000 pessoas que, a título voluntário, recolhem as contribuições efectuadas nos estabelecimentos comerciais, as transportam e arrumam nos armazéns dos quinze Bancos Alimentares em actividade.
O produto da campanha, ainda com recurso ao voluntariado, será distribuído de imediato localmente a pessoas com carências alimentares comprovadas através de mais de 1600 Instituições de Solidariedade Social previamente seleccionadas e acompanhadas ao longo de todo o ano por voluntários visitadores.
Este modelo de intervenção permite assim uma grande proximidade entre quem dá e quem recebe e possibilita o desenvolvimento de um trabalho de inclusão social que vai para além do mero assistencialismo.
Campanha “Ajuda Vale”
Em simultâneo com a campanha tradicional de recolha vai ainda decorrer até 7 de Junho a campanha “Ajuda Vale”, em todas as lojas das cadeias Dia⁄Minipreço, El Corte Inglês, Jumbo⁄Pão de Açúcar, Lidl, Modelo⁄Continente⁄Bonjour, Pingo Doce e Feira Nova.
Nesses estabelecimentos serão disponibilizados em suportes próprios vales de produtos seleccionados (como azeite, óleo, leite, salsichas e atum). Cada cupão representa uma unidade do produto (por exemplo, “1 litro de azeite”, “1 litro de leite”, etc.). Este cupão, para além de mencionar que se trata de uma entrega destinada aos Bancos Alimentares Contra a Fome, refere de forma clara a identificação do tipo de produto, a respectiva unidade e inclui um código de barras próprio, através do qual é efectuado o controlo das dádivas. Ao efectuar o pagamento, o dador entrega o cupão “Ajuda Vale” na caixa registadora e os produtos ficam claramente identificados no talão de caixa. A logística de transporte para os Bancos Alimentares contra a Fome fica a cargo de cada uma das cadeias de distribuição.
Através desta nova modalidade, cuja execução será auditada externamente, os Bancos Alimentares Contra a Fome conseguirão chegar à quase totalidade das localidades do País, promovendo ainda mais uma lógica de proximidade e de facilidade de contributo.
Também na rede de lojas Payshop, 3300 lojas espalhadas por todo o país, é possível contribuir para esta campanha, fazendo uma doação em dinheiro que será convertida em leite e dará lugar à emissão de recibo.
Mais de 250 mil pessoas receberam ajuda em 2008
De acordo com os dados da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, ao longo de 2008 foram apoiadas com produtos mais de 1.600 instituições, que concederam ajuda alimentar a mais de 250 mil pessoas comprovadamente carenciadas. No ano passado os quinze Bancos Alimentares Contra a Fome em actividade distribuíram um total de 17.500 toneladas de alimentos (equivalentes a um valor global estimado superior a 26,2 milhões de euros), ou seja, um movimento médio de 69,6 toneladas por dia útil.
Nos primeiros meses de 2009 tem-se verificado uma crescente procura de apoio e do número de pedidos de assistência a pessoas carenciadas, em linha com o agravamento da situação económica e com o crescimento súbito e muito significativo do desemprego, que tem vindo a afectar de forma um tanto ou quanto indiscriminadamente um cada vez maior número de famílias portuguesas.
Dados mais relevantes
Campanha “Saco” nos dias 30 e 31 de Maio em 1.216 estabelecimentos comerciais com a adesão de 23 mil voluntários;
Campanha “Ajuda Vale” de 30 de Maio a 7 de Junho com entrega de vales que representam produtos em todas as lojas das cadeias Dia⁄Minipreço, El Corte Inglês, Jumbo⁄Pão de Açúcar, Lidl, Modelo⁄Continente, Pingo Doce e Feira Nova;
Possibilidade de contribuição na rede de lojas Payshop (3.300 lojas espalhadas por todo o país) fazendo uma doação em dinheiro que será convertida em leite e dará lugar à emissão de recibo;
Mais de 250 mil pessoas carenciadas apoiadas através de 1.600 instituições em 15 regiões do país, muitas das quais se encontram privadas de outro tipo de alimentação;
17.500 toneladas de alimentos distribuídos em 2008, que equivalem a uma média diária de 69,6 toneladas por dia útil.