Arcebispo de Braga inaugurou última conferência dedicada às «novas explorações laborais»
Braga, 20 mar 2021 (Ecclesia) – D. Jorge Ortiga afirmou na conferência «Olhares sobre o Precariado: Novas explorações laborais», que “o desemprego e precariedade” foram “duas grandes preocupações que a pandemia veio tornar visíveis”, sendo fatores geradores de sofrimento e impacto na serenidade familiar.
“A precariedade tem muitos rostos. Contratos temporários, contratos a prazo, contratos a termo certo, recibos verdes, bolsas de investigação, estágios curriculares que se alargam a todas as faixas etárias. Creio que a lista não está completa. Muitos consideram estas realidades um verdadeiro flagelo dado que, entre outras coisas, os trabalhadores com contratos precários são os que auferem menores salários, colocando as pessoas e suas famílias no limiar da pobreza”, sublinhou o arcebispo de Braga numa intervenção no início do último debate do ciclo de 2021 da Nova Ágora.
“Sabemos que o trabalho é um direito mas também sabemos que nem todo o tipo de trabalho dignifica. Há trabalhos indignos que são sinais de exploração humana, como são aqueles sem condições para trabalhar, a exploração das mulheres, aquelas que entregam o seu corpo à prostituição, quem vive da corrupção”, acrescentou.
O responsável focou a necessidade de “igualdade de retribuição salarial entre homens e mulheres”, conciliação entre a “vida profissional, familiar e pessoal” e a “inclusão das pessoas com necessidades especiais, nomeadamente nas limitações a nível de mobilidade, com tudo o que isto implica, no mercado do trabalho”.
Dando início à última conferência do ciclo deste ano, o arcebispo de braga sublinhou a intenção dos encontros ultrapassarem as paredes eclesiais, mostrando vontade de “caminhar juntos” e “na relação com o mundo”, explicou.
“Com todos queremos estabelecer pontes, desde as diferentes manifestações culturais ao mundo da ciência e da investigação, da política à economia. Trabalhamos pela dignidade de toda a pessoa humana e fixamo-nos no bem comum como o bem de todos e de cada um”, enfatizou.
No contexto da abertura do ano dedicado à Família, convocado pelo Papa Francisco, que ontem teve início, D. Jorge Ortiga convocou as famílias cristãs a desenvolver um trabalho de “reflexão sobre o que deve ser a família”, no contexto atual, estendendo o convite a “outras pessoas que acreditam no valor da família neste contexto social em que vivemos”.
“A experiência da pandemia veio pôr em evidência a centralidade da família e a sua missão como verdadeira Igreja a realizar-se nos contornos dos lares e a mostrar a urgência de estabelecer laços de comunhão e de estímulos variados para que a sociedade, assim como também a Igreja, cresça como uma autêntica família de famílias. Penso que ninguém duvida que a dureza destes dias se tornou mais suave nos locais onde existiu uma verdadeira retaguarda familiar… e que tudo se complicou, ainda mais, quando a solidão determinou isolamentos e carência de afetos”, manifestou.
O último debate contou com a participação de Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Paulo Marques, economista e professor universitário, e Paulo Granjo, professor universitário.
LS
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