Nota Pastoral do Bispo de Coimbra para a Quaresma

Quaresma em Igreja, ressurreição para o mundo

1. Viver a Quaresma é percorrer um caminho para a Páscoa. E quem não der passos não experimentará ressurreição.

Os passos a dar são a escuta da Palavra de Deus, que semana a semana nos conduzirá desde a humildade de quem é pecador até à contemplação do amor que nos cura, o amor da Paixão e da Ressurreição de Jesus; esses passos são algumas privações de coisas que nos agradam, das quais jejuamos por escolha de outras melhores; passos são também a oração mais frequente, o sacramento da Confissão, a participação na Eucaristia; passos de boa caminhada são os gestos de amor sincero aos irmãos, começando pelos que vivem e trabalham connosco.

2. Caminhar sozinho é penoso. De verdade, este caminho para a ressurreição das nossas vidas, fruto da Ressurreição de Jesus, Deus quer que o façamos de mão dada com outros, que o façamos em Igreja.

Por isso o Bispo de Coimbra pede a todos os irmãos da comunidade diocesana  que a Quaresma deste ano tenha muito presente a Igreja e toda a sociedade. Quaresma em Igreja, a pensar na Humanidade.

3. Este mundo europeu em que vivemos faz agora experiências dolorosas a que chamamos “crise”: crise de emprego, que provoca fome; crise de princípios, que destrói famílias; crise de valores, que gera infelicidade… A fé diz-nos onde reside a fonte da felicidade para o Homem: “o amor que só Deus lhe pode comunicar”. Assim o afirma o Papa na sua mensagem quaresmal deste ano.

Conhecer a fonte e não beber dela; saber da raiz da felicidade e não a revelar aos outros, é injustiça culpada, assim o diz o Santo Padre, o Pastor Universal que brevemente nos visitará para nos ajudar a sermos uma Igreja que contribua “para a formação de sociedades justas, onde todos recebam o necessário para viver segundo a própria dignidade do homem e onde a justiça é vivificada pelo amor”.

4. Como cristãos, caminhemos então para a Páscoa, não em piedoso individualismo mas em grupo, em comunidade. Comunidade crente que se reconhece como pecadora, e um dos pecados é não ser fermento do Evangelho na massa humana em que vive; é deixar perder a força ao sal com que Jesus nos comparou. Rezemos pela Igreja que somos, rogando o perdão para a nossa mediocridade. E intercedamos, como Moisés, pela sociedade em que vivemos. Deus tem-lhe amor e por ela Cristo morreu. Que ao longo de toda a Quaresma o nosso Mundo esteja no nosso coração. Por ele vamos rezar, praticar gestos amorosos de penitência, ofertas generosas de caridade.

5. Proponho à Diocese, secundado pela opção dos Conselhos Presbiteral e Pastoral, que a oferta da nossa renúncia quaresmal de 2010 se destine a aliviar o grande encargo financeiro que pesa sobre o Instituto Missionário dos Servos de Jesus Salvador. São eles que, vindos do Brasil, nos ajudam como Párocos de um conjunto de Paróquias do Baixo Mondego. Julgavam-se legítimos donos do seu Seminário, em S. Amaro, perto de S. Paulo, onde estudava tranquilamente um bom número de seminaristas.

Complicações e habilidades burocráticas negaram-lhes essa propriedade, vendo-se quase forçados a abandonar a casa. Estão agora a pagá-la penosamente. A nossa ajuda será um gesto de amor cristão, um testemunho da unidade católica da Igreja e também uma purificação dos nossos pecados.

6. Que o Senhor Jesus nos acompanhe, Ele que subiu a Jerusalém a fim de passar da morte à Vida. Sofrendo como Ele os males do nosso tempo, sejamos em Igreja aurora de Ressurreição.

Albino Cleto, Bispo de Coimbra

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