Nota Pastoral do Arcebispo de Évora, D. José Alves, sobre o Ano Paulino

«Ano Paulino» No próximo dia 28, ao presidir à oração solene de Vésperas, na Basílica de S. Pedro, extra muros, o Papa Bento XVI inicia o Ano Paulino, proclamado para comemorar os dois mil anos do nascimento de S. Paulo e que se prolonga até ao dia 29 de Junho de 2009, solenidade dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. Desejando sublinhar a grande importância pastoral do Ano Paulino para todas as Igrejas Particulares do nosso País, a Conferência Episcopal Portuguesa publicou uma nota pastoral, que todos os cristãos deveriam conhecer e meditar. Com ela se pretende chamar a atenção particularmente dos responsáveis pastorais, para as fortes interpelações que, a dois mil anos de distância, nos são feitas pelo exemplo de vida e pelos escritos de S. Paulo. Contemplando a vida do Apóstolo e meditando os seus escritos, certamente encontraremos razões convincentes para a necessidade urgente de rever as metodologias pastorais em uso nas paróquias da nossa Arquidiocese. O enorme período de tempo que nos separa de Paulo e as diferenças sócio-culturais entre a nossa sociedade e as sociedades em que Paulo pregou o Evangelho não neutralizam o efeito das interpelações. O muito que temos a aprender de S. Paulo ultrapassa as fronteiras do tempo e das culturas. Com ele poderemos descobrir o sentido profundo da fé e os seus efeitos mobilizadores da personalidade; reacender o ardor missionário que leva os evangelizadores a ultrapassar as fronteiras da rotina e os limites do redil de todos os dias; redescobrir a fonte inesgotável da Palavra de Deus, que estará no centro das atenções de toda a Igreja, durante o próximo sínodo, que ocorrerá no próximo mês de Outubro, em Roma, sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Em sintonia com a Igreja Universal e com as dioceses de Portugal, a Arquidiocese de Évora, no próximo ano, pretende que toda a sua actividade pastoral seja inspirada na vida e na doutrina de S. Paulo. A vida de Paulo, tal como a conhecemos, converge e desenrola-se a partir do acontecimento central da sua conversão, a caminho de Damasco. Esse encontro espiritual com Cristo Ressuscitado revolucionou por completo a sua vida. De perseguidor de cristãos transformou-se no mais apaixonado anunciador do Evangelho. Conhecer Cristo, amar Cristo e identificar-se com Cristo constitui toda a sua razão de ser e de viver: para mim viver é Cristo (Fil 1,21; cf. Gal2,20) e tudo o mais é lixo (cf.Fil 3,8). Mas o ardente desejo de se identificar com Cristo, que brota da conversão, leva-o também a viver apaixonadamente o anúncio da Boa Nova: ai de mim, se não evangelizar (I Cor 9,16). Ao longo do Ano Paulino, todos somos convidados a olhar para S. Paulo, acompanhando-o nos passos da sua vida, desde a conversão até ao martírio, passando pela extraordinária aventura da evangelização, primeiro dos judeus e depois dos pagãos, sem distinção de raças nem de cultura, nem de idade, nem de condição social. O seu ardor apaixonado de evangelização, a radicalidade da sua fé em Cristo, a sua infatigável ânsia de pregar o Evangelho, o testemunho desassombrado e o compromisso da sua vida de Apóstolo, a sua abertura perante as novas situações culturais e religiosas, o modo como promoveu a formação de cooperadores com os quais partilhou o ministério, a sua preocupação permanente com a unidade e com a comunhão eclesial e tantas outras características da sua personalidade e do seu ministério poderão ajudar-nos a renovar os nossos métodos pastorais e o nosso compromisso eclesial. Confrontando a nossa realidade pastoral com a vida e a doutrina de S. Paulo poderemos colher algumas lições concretas. S. Paulo sugere-nos caminhos novos de conversão e de fidelidade a Cristo; inspira-nos ardor na evangelização e no anúncio querigmático, que devem ser secundados pelo testemunho de vida; incita-nos a aperfeiçoar a catequese e a aprofundar o itinerário da iniciação cristã; oferece-nos reflexão pastoral sobre a Igreja e seu ministério de comunhão; desafia-nos à corresponsabilidade no seio das comunidades eclesiais. Convido, pois, os presbíteros, diáconos, religiosas, catequistas, responsáveis de grupos, membros de movimentos e obras eclesiais e todos os cristãos em geral a voltarem-se para S. Paulo e a lerem os seus escritos. Com certeza não faltarão subsídios apropriados. Se pensarmos no que já se fez e no muito que ainda se há-de publicar, teremos ao nosso alcance meios adequados à promoção da própria conversão interior, da renovação pastoral e da revitalização das comunidades cristãs. Assim nós queiramos recorrer a eles. A Igreja oferece-nos também um meio espiritual importante para nos ajudar a percorrer o caminho do aperfeiçoamento pessoal e da santidade. Por Decreto da Penitenciária Apostólica, satisfazendo as condições habituais de confissão, comunhão e oração pelas intenções do Santo Padre, é concedida a todos nós a possibilidade de alcançar indulgência plenária da pena temporal dos pecados, para si próprio ou para os defuntos, uma vez em cada dia: Sempre que se visite a Basílica de S. Paulo, na via Ostiense, em Roma; Nos dias de inauguração solene e de clausura do Ano Paulino, em qualquer lugar sagrado, desde que se participe num acto público de piedade, em honra do Apóstolo das Gentes; Na Arquidiocese de Évora, na Catedral e na igreja paroquial de Pavia, dedicada a S. Paulo, em qualquer dia do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos. Évora, 23.06.2008 + José, Arcebispo de Évora

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