«Nostra Aetate»: 50 anos depois, «um diálogo novo entre cristianismo e judaísmo»

Faculdade de Teologia e Embaixada de Israel promoveram colóquio sobre o documento

Lisboa, 16 mar 2016 (Ecclesia) – A Faculdade de Teologia promoveu um colóquio organizado com a Embaixada de Israel sobre a declaração ‘Nostra Aetate’, o documento do Concílio Vaticano II dedicado o diálogo inter-religioso onde sobressai a relação com o judaísmo.

“Todos elementos [da Nostra Aetate] criaram um campo enorme para a cooperação, para dialogar, não é o final. Hoje pensamos desde há 50 anos, que contribuíram, e o que podemos fazer nos próximos 50 anos. É uma oportunidade de discutir e ver as possibilidades.”, disse a embaixadora de Israel em Portugal.

À Agência ECCLESIA, Tzipora Rimon assinalou que a declaração Nostra Aetate “abriu o caminho” para o diálogo, “o reconhecimento do Estado de Israel e estabelecimento as relações diplomáticas e visitas oficiais de Papas à Terra Santa, a Israel”.

A responsável política considerou ainda que a declaração “abriu a porta, há contactos”, não se está a começar do início mas o caminho, agora, é “melhorar, mais conhecimento porque nem todos conhecem” esse documento.

Neste contexto, Tzipora Rimon observou ainda que o Papa Francisco é um “bom exemplo para a aproximação” e a visita a Israel, à Terra Santa [2014] “contribuiu muito para a aproximação, conhecimento, diálogo”.

O professor Kleinberg, da Universidade de Telavive, que falou sobre a aproximação dos judeus à declaração, considerou que o principal problema de preocupação para os judeus “não era” propriamente a “teologia cristã, embora pudesse ser um problema”, mas o facto de ser usada para “perseguir e descriminar” que a “enfática e lúcida” declaração recusa essas interpretações.

Sobre o recente documento apresentado em dezembro 2015, que assinalou os 50 anos da ‘Nostra Aetate’, sublinhou o “parar a missionação”, que por si só, “parte da história da sagrada e não deseja algo diferente dos judeus mas viver com eles”.

No colóquio sobre  «’Nostra Aetate’ – Nossa Era, 50 anos depois», o bispo de Setúbal foi o porta-voz do “eco eclesial ao novo documento: ‘Os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis’”.

“Representa sobretudo do ponto de vista católico uma inversão de mentalidades, a criação de um novo espaço de compreensão da Igreja de si própria mas também do diálogo que estabelece com outra forma de pensar Deus e de pensar o mundo”, comentou D. José Ornelas aos jornalistas.

“Este documento, dirigido sobretudo à Igreja para criar clarificação de ideias, conceitos e comportamentos que nos preparem para diálogo com o judaísmo”, acrescentou o prelado.

O cardeal-patriarca de Lisboa, responsável pela sessão de encerramento, sublinhou a importância da declaração “em boa hora começado”, que é o documento mais pequenino do Concílio Vaticano II, e dos “mais difíceis de acertar”.

“É documento aberto e um caminho a seguir porque valoriza o que positivamente deve ser valorizado nas outras religiões e tradições e depois encaminha todos para o que é comum ao ser humano, concretamente justiça e paz e, agora, ecologia e ecologia integral”, observou D. Manuel Clemente.

Por sua vez, a vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, que participou num painel sobre os “desafios para uma agenda comum”, alertou para a importância, sobretudo, dos “compromissos para ação” porque é importante o que “reforça e permite uma convivência e conhecimento mútuo maior.”

Esther Muczink, que representa comunidade judaica na comissão de liberdade religiosa, destaca que estão atentos para “responder a todos os problemas” que existem de discriminação religiosa, xenófoba ou até intolerância religiosa.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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