“Num mundo marcado por dramáticas tensões, o Movimento dos Focolares pretende propor, também através desta iniciativa, a fraternidade como possível caminho a percorrer para chegar à paz”. Foi com uma mensagem do Papa Bento XVI, lida pelo Cardeal Peter Erdo Arcebispo de Budapeste e Primaz da Hungria que, no SportArena de Budapeste repleto com mais de mais de 11.000 pessoas provenientes de 92 países, se abriu, este sábado, a Manifestação internacional promovida pelo Movimento dos Focolares. A iniciativa quis, com ideias, experiências e iniciativas concretas, propor a fraternidade como resposta aos muitos desafios actuais. O Papa encoraja “a prosseguir a obra que foi realizada até agora com numerosos frutos, encarnando na realidade de todos os dias o Evangelho do amor.” No moderno palácio de desportos húngaro estiveram presentes pessoas de várias religiões entre as quais um numeroso grupo de muçulmanos da Argélia, cristãos de várias denominações e membros de 13 Movimentos e Novas comunidades católicas, personalidades civis e religiosas. O evento sucedeu-se a “dois dias” de congresso que viu reunidas na capital húngara mais de 9000 “voluntários de Deus”, uma ramificação dos Focolares para o renovamento da sociedade, por ocasião do 50º aniversário do seu nascimento. A iniciativa aconteceu cinquenta anos após os dramáticos acontecimentos de Outubro de 1956 que ensanguentaram a Hungria, atraindo a atenção do mundo inteiro. A sua mensagem refere o apelo lançado naquele tempo pelo Papa Pio XII, ao qual Chiara Lubich deu uma resposta fazendo nascer os “voluntários de Deus” chamados “a viver com coragem a sua fé para voltar a colocar o amor de Deus no coração dos homens”. A 50 anos de distância daqueles acontecimentos, a fundadora dos Focolares faz uma leitura da actual situação mundial, perscrutando os sinais de uma humanidade envolvida por uma “noite escura cultural colectiva”. Na mensagem lida por uma das suas primeiras companheiras, Valeria Ronchetti, Chiara Lubich fala de “uma noite que se introduziu cada vez mais na humanidade, especialmente no Ocidente”, onde predomina o relativismo e a ética, já não é capaz de governar o ritmo vertiginoso das descobertas científicas e tecnológicas. Um Ocidente à procura de “ideias fortes, de um ideal que abra um caminho para dar uma resposta às inúmeras questões angustiantes, que mostre uma luz a seguir”. Referindo-se a João Paulo II, Chiara indicou o caminho de um Deus que grita: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste”. “E a sua paixão interior é a sua noite mais negra, é o culminar do seu sofrimento”. Um drama que abre perspectivas de luz: “Se conseguirmos encontrá-Lo em cada sofrimento, se O amarmos, dirigindo-nos ao Pai como Jesus na cruz: ‘Nas tuas mãos, Senhor, entrego o meu espírito’ (Lc 23,46), então com Ele a noite será um passado, a luz iluminar-nos-á”. “O Movimento – acrescentou – traz em si uma riquíssima experiência”, que teve novos desenvolvimentos nos últimos anos. Chiara fala de “inundações de luz” – para usar um termo de João Crisóstomo, grande Padre da Igreja – que iluminam a cultura actual em todos os seus aspectos”, fruto do “diálogo que, há algum tempo, o Movimento dos Focolares está a estabelecer entre a sabedoria que oferece o carisma da unidade e os vários âmbitos do saber e do viver humano”: da política à ecologia, da comunicação à saúde, do direito à economia. No final do encontro, Chiara Lubich, deixou o projecto de “organizar um encontro daqui a três anos, em 2009, em que todas as nossas cidades estejam ligadas numa rede que mostre os numerosos fragmentos de fraternidade já realizada”.