Bento XVI deixa apelos aos teólogos e diz que a solidariedade não se limita ao material
Bento XVI afirmou hoje que a “noção de igualdade democrática” é um “dom do Cristianismo” à sociedade, lamentando que esta não compreenda as raízes dos seus ideais.
O Papa falava perante os membros da Comissão Teológica Internacional (CTI), organismo que congrega alguns dos mais prestigiados teólogos católicos, reunidos no Vaticano para a sua reunião anual.
“Num mundo que, tantas vezes, aprecia muitos dons do Cristianismo – como por exemplo a ideia de igualdade democrática – sem perceber as raízes dos seus próprios ideais, é particularmente importante mostrar que os frutos morrem se as raízes da árvore forem cortadas”, disse.
Para Bento XVI, “não há justiça sem verdade e a justiça não se desenvolve plenamente se o seu horizonte for limitado ao mundo material”.
“Para nós, cristãos, a solidariedade social tem sempre uma perspectiva de eternidade”, precisou.
O Papa deixou um conselho, referindo que não se “pode ser teólogo na solidão: os teólogos têm necessidade dos pastores da Igreja, assim como o magistério tem necessidade de teólogos que cumpram a fundo o seu serviço”.
A teologia, acrescentou, só é verdadeira a partir do “encontro com Cristo”, frisando que o teólogo é alguém que “fala com Deus, pensa sobre Deus e procura pensar com Deus”.
Nesse contexto, a reflexão teológica ajuda ao diálogo com os crentes de outras religiões e mesmo com os não crentes, “graças à sua racionalidade”.
“Cristo morreu para todos, ainda que nem todos o saibam ou o aceitem”, declarou.
A fé leva os cristãos ao “serviço dos outros” e é, segundo o Papa, “manifestação do amor divino”.
O encontro da CTI abordou temas como a questão de Deus nas religiões monoteístas ou a integração da Doutrina Social no contexto mais amplo do ensinamento da Igreja.