Nobel da Medicina 2010: Declaração do presidente da Academia Pontifícia para a Vida

A concessão do Nobel ao professor (Robert) Edwards suscitou muitos apoios e muitas perplexidades, como era previsível.

Pessoalmente, eu teria votado noutros candidatos, como McCullock e Till, descobridores das células-tronco, ou Yamanaka, o primeiro a criar uma célula-tronco pluripotente induzida (iPS).

No entanto, a opção por Edwards não parece estar totalmente fora de lugar. Por um lado, faz parte da lógica seguida pelo comité que concede o Nobel; por outro, o cientista britânico não é um personagem que deva ser desvalorizada: ele começou um novo e importante capítulo no campo da reprodução humana, cujos melhores resultados estão diante dos olhos de todos, começando por Louise Brown, a primeira criança nascida da fecundação in vitro, que já tem trinta anos e também é mãe, de maneira totalmente natural, de um menino.

As perplexidades? Muitas: sem Edwards, não existiria o mercado dos ovócitos; sem Edwards, não haveria congeladores cheios de embriões à espera de ser transferidos para um útero ou, mais provavelmente, de ser utilizados para a pesquisa ou morrer abandonados e esquecidos por todos.

Eu diria que Edwards inaugurou uma casa, mas abriu a porta errada, pois apostou tudo na fecundação in vitro e permitiu implicitamente o recurso a doações e compra-vendas que envolvem seres humanos.

Dessa forma, não modificou o marco patológico e o marco epidemiológico da infertilidade. A solução a este grave problema virá por outro caminho menos caro e que já se encontra avançado. É necessário ter paciência e confiar nos nossos investigadores e médicos.

Mons. Ignazio Carrasco de Paula, presidente da Academia Pontifícia para a Vida

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Agência ECCLESIA

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