Apesar das mortes de familiares e amigos nos confrontos com muçulmanos em Fevereiro, os cristãos nigerianos surpreenderam os seus agressores por recusarem retaliar e por terem fortalecido a sua fé. Em entrevista à secção inglesa da Ajuda à Igreja que Sofre, a Irmã Christiana Akpah explicou que na região de Borno os islamistas “não conseguiam compreender” a determinação da comunidade cristã em perdoar os seus agressores após os confrontos que semearam o terror na Nigéria em Fevereiro deste ano. A 17 de Fevereiro foram mortas 58 pessoas em Borno (no norte do país, maioritariamente islâmico) e 50 igrejas foram incendiadas, em apenas 4 horas. Centenas de lojas e escritórios foram danificados em actos de vandalismo. A violência teve início quando multidões de muçulmanos saíram às ruas em protesto contra a publicação de caricaturas do profeta Maomé em jornais ocidentais, que causaram grande indignação no mundo muçulmano. Os ataques, que se centraram na capital regional de Borno, Maiduguri, foram parte da espiral de violência que provocou a morte de 300 cristãos no norte da Nigéria. Quatro meses após estes ataques, a Irmã Christiana Akpah referiu que as notícias da morte do Padre Michael Gajere, de Maiduguri, originaram ataques de retaliação por parte dos cristãos em Onitsha, no sul do país, que provocaram a morte de cerca de 100 muçulmanos. No entanto, segundo a religiosa, os católicos e protestantes de Maiduguri acataram os pedidos dos seus líderes religiosos, que apelaram à calma e à não-violência. “As igrejas têm estado tão cheias que foi necessário colocar cadeiras na rua, especialmente depois dos ataques. É um grande encorajamento para todos nós”, referiu a religiosa que acrescentou que a ausência de retaliação em Maiduguri surpreendeu os muçulmanos e fez aumentar a admiração para com a comunidade cristã. A religiosa, contudo, mostra-se céptica quanto à eficácia das iniciativas de diálogo promovidas pelos representantes cristãos: “Os nossos bispos têm encorajado o diálogo, mas os muçulmanos ouvem o que têm a dizer e nada muda. Isto é o que nos mostram as experiências do passado. A Irmã Christiana explicou que os pedidos de compensações pela destruição de locais de culto destruídos durante os ataques, formulados pela Igreja, têm sido travados por muçulmanos radicais que defendem que a responsabilidade pelas reparações deve ser dos líderes cristãos e não das autoridades federais. A Ajuda à Igreja que Sofre está a financiar a reconstrução do presbitério junto à Catedral de Kontagora. A religiosa nigeriana explicou ainda que as atitudes muçulmanas para com os cristãos diferem consoante a tribo a que pertencem. Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre