Investigação da Conferência Episcopal do país documenta casos, entre 2015 e 2025, em pelo menos 41 das 59 dioceses e arquidioceses católicas

Lisboa, 24 dez 2025 (Ecclesia) – Pelo menos 212 padres católicos foram raptados na Nigéria entre 2015 e 2025, revela um estudo que que está a ser realizado pela Conferência Episcopal do país e que foi partilhado com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
O secretariado português da fundação pontifícia AIS informa que a investigação documenta situações de rapto em pelo menos 41 das 59 dioceses e arquidioceses católicas do país, sendo os dados consistentes com as conclusões do Relatório da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado em outubro e em que se aponta a Nigéria como um dos países mais perigosos do planeta para o clero e os líderes religiosos.
Dos 212 padres raptados e posteriormente sequestrados, 183 foram libertados ou escaparam, 12 foram assassinados e três morreram mais tarde em resultado de traumas e ferimentos sofridos durante o cativeiro, divulga o documento enviado à AIS Internacional.
Atualmente, pelo menos 4 padres permanecem em cativeiro: John Bako Shekwolo, Pascal Bobbo, Emmanuel Ezema e Joseph Igweagu.
Segundo o relatório, pelo menos seis sacerdotes foram raptados mais de uma vez o que, salienta a AIS, “evidencia a vulnerabilidade persistente em que se encontra o clero católico”.
Contudo, a fundação pontifícia evidencia que “o número real de casos é certamente superior”, indicando que “ainda não foram apresentados dados de 18 dioceses e a AIS registou, de forma independente, casos isolados de rapto durante os últimos anos em, pelo menos, outras cinco dioceses não abrangidas pelo estudo até ao momento”.
“Além disso, o relatório não inclui incidentes envolvendo ordens religiosas e congregações”, acrescenta.
O relatório da Conferência Episcopal dá conta que a diocese com o maior número de sequestros é Okigwe, com 47 casos, e que o maior número de mortes (4) se registou na Arquidiocese de Kaduna.
“O impacto desta violência tem sido devastador para as comunidades cristãs locais. Aldeias inteiras foram deslocadas, paróquias abandonadas e a vida pastoral severamente perturbada em vastas áreas do país”, assinala a AIS.
A fundação pontifícia explica que “a violência que assola a Nigéria não afeta apenas os cristãos”.
“O terrorismo, o banditismo armado e os sequestros também têm ceifado a vida de muitos muçulmanos. No entanto, em grande parte do país os cristãos são alvo de perseguição devido à sua fé, especialmente nas regiões dominadas por grupos jihadistas e milícias étnico-religiosas”, refere.
Embora os conflitos sejam por vezes apresentados como de natureza étnica ou económica, na prática afetam de forma esmagadora as comunidades cristãs e têm uma dimensão religiosa; ao mesmo tempo, uma parte significativa dos sequestros na Nigéria é motivada principalmente por razões económicas.
LJ
