Nigéria: Igreja Católica diz que pagar resgates aumentaria risco de sequestro para os sacerdotes

Arcebispo de Abuja recusa «colocar à venda» membros do clero e dos institutos religiosos

Lisboa, 10 fev 2021 (Ecclesia) – O arcebispo de Abuja, na Nigéria, disse que a Igreja Católica se recusa a pagar resgates, diante de uma onda de sacerdotes, religiosas, catequistas e outros responsáveis, no país africano.

“Nós, os bispos da Nigéria, concordamos unanimemente na nossa Conferência Episcopal e deixamos bem claro que não pagamos resgates”, indicou D. Inácio Kaigama, num depoimento enviado à Agência ECCLESIA pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Segundo o responsável católico, aceder às exigências de sequestradores colocaria em perigo os colaboradores da Igreja Católica, “que se movem continuamente entre as aldeias”.

O arcebispo nigeriano falava à AIS depois do sequestro de D. Moisés Chikwe, da Arquidiocese de Owerri, no final de 2020, que acabaria por ser libertado seis dias depois do rapto.

A fundação pontifícia refere que este foi o primeiro sequestro de um bispo da Igreja Católica na Nigéria.

Em 2020, vários sacerdotes foram raptados por homens armados e libertados alguns dias depois, mas no caso do padre John Gbakaan, da Diocese de Mina, o responsável católico acabaria assassinado em menos de 24 horas.

D. Inácio Kaigama fala numa “doença que se está a espalhar” sem que haja um “esforço significativo” por parte das autoridades para o impedir.

A AIS precisa que estes raptos estão, muitas vezes, “associados à atuação de grupos terroristas”, nomeadamente o Boko Haram que procura instaurar um ‘califado’ na região nordeste do país.

“Os criminosos, bandidos ou o que quer que lhes chamem, estão cientes de que quando tocam num padre ou numa freira católica rapidamente [isso] se torna notícia”, assinala o arcebispo de Abuja.

OC

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Agência ECCLESIA

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