Nigéria: Fundação AIS denuncia vaga de ataques na região centro, com dezenas de mortos

«Não se pode imaginar a realidade em que vivemos aqui. Isto é um horror. Isto é terror», afirmou padre Ortese, da Diocese de Makurdi

Lisboa, 29 mai 2025 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) denunciou hoje a vaga de ataques violentos na região centro da Nigéria, que causaram a morte a pelo menos 40 pessoas durante o fim-de semana e segunda-feira.

Há ainda vários feridos e pessoas raptadas, informa a fundação pontifícia, segundo informações recolhidas na Diocese de Makurdi.

As aldeias do Estado de Benue foram alvo da vaga de violência, cuja autoria foi atribuída por fontes locais a pastores Fulani, encontrando-se entre as vítimas um agente da polícia e civis que foram objeto “do que parece ter sido ataques coordenados contra comunidades agrícolas”, diz a AIS.

O primeiro incidente aconteceu no sábado, em Tse Orbiam, na área do governo local de Gwer West, com o padre Solomon Atongo, da Paróquia de Jimba, a ser baleado numa perna quando regressava de uma celebração em memória de dois padres mortos em 2018.

“O Padre Solomon Atongo, da paróquia de Jimba, foi baleado na perna esquerda por assaltantes armados identificados como jihadistas Fulani. As duas pessoas que o acompanhavam foram raptadas pelos atacantes. O Padre Atongo está a receber tratamento médico”, relatou Ori Hope Emmanuel, da Fundação Justiça, Desenvolvimento e Paz da Diocese, à AIS Internacional.

Ao mesmo tempo, um agricultor local que acabava de terminar o dia de trabalho, foi morto a tiro na sua quinta.

Perante esta situação, o padre Oliver Ortese, presidente do Conselho Consultivo Internacional da Diocese de Makurdi, criticou as forças de segurança por não terem agido durante o ataque.

“Há um posto militar onde os soldados do exército nigeriano estão alojados, e que é gerido pelo governo, e foi aí que este incidente teve lugar, o que deixou muitas questões em aberto. Os soldados estavam a dormir durante os disparos?”, questiona.

A Fundação AIS dá conta que violência prosseguiu e intensificou-se no dia seguinte, quando pelo menos 32 pessoas foram mortas em Aondona e Ahume também na mesma área do governo local de Gwer West

Ori Emmanuel descreve que os atacantes, fortemente armados, “abriram fogo indiscriminadamente, causando vítimas civis e provocando pânico e confusão generalizada”.

“Muitos residentes fugiram de suas casas em busca de segurança”, acrescentou.

No mesmo dia, três membros de uma família – pai, o seu filho adolescente e uma criança de dois anos – foram mortos na aldeia de Yelewata, na região de Guma.

Já na segunda-feira registaram-se outros cinco ataques em Tse Orbiam e seis em Ahume, na região de Gwer Ocidental, informa a AIS.

Os agressores “dispararam indiscriminadamente contra as pessoas, provocando várias mortes, incluindo a de um agente da polícia que se encontrava numa missão especial na zona”, garantiu Ori Hope Emmanuel.

O último ataque de que há registo aconteceu no mesmo dia, com homens a disparar contra residentes e passageiros, ferindo seis pessoas e matando uma na estrada Naka-Adoka, em Gwer West.

“Estão a criar crises humanitárias, uma vez que aqueles que sobrevivem são transferidos para campos onde se tornam mendigos para ganhar a vida”, alertou o padre Ortese, da Diocese de Makurdi, sobre o impacto que a sucessão de ataques está a provocar nas comunidades locais.

“Não se pode imaginar a realidade em que vivemos aqui. Isto é um horror. Isto é terror”, referiu.

LJ

Partilhar:
Scroll to Top