Cerca de 10 mil pessoas perderam a vida, nos últimos quatro anos, devido à perseguição étnica e religiosa encetada por fundamentalistas muçulmanos
Lisboa, 24 fev 2012 (Ecclesia) – A campanha de Quaresma da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) vai privilegiar a recolha de fundos para apoiar projetos solidários na Nigéria, onde “a repressão violenta atinge milhões de cristãos”.
Em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, aquela organização católica condena o “fundamentalismo” religioso que tomou conta do país, associado ao “grupo islâmico Boko Haram”, que significa “Educação não Islâmica é pecado”.
“A violência atingiu um tal ponto que já se fala na eclosão de uma guerra civil”, avisa a AIS, lamentando que uma nação que “podia ser quase um paraíso na terra”, devido aos recursos naturais que possui, seja na verdade “quase um inferno”.
A Nigéria conta atualmente com uma população de 155 milhões de habitantes, entre os quais cerca de 64 milhões de cristãos.
Nos últimos quatro anos, os episódios de violência contra as comunidades cristãs, sobretudo na região norte do país, maioritariamente muçulmana, já causaram mais de 10 mil mortos e milhões de euros de prejuízos.
De acordo com a Fundação, “cerca de 300 igrejas foram destruídas ou danificadas e mais de 250 mil pessoas tiveram de abandonar as suas casas”, para escaparem à morte.
O final de 2011 e o arranque do ano novo ficaram marcados por uma onda de atentados, em regiões como Madalla, perto da capital Abuja, Adamawa, no nordeste nigeriano, em Kano, a segunda maior cidade do país, e em Tafawa Balewa.
Neste momento, perto de “35 mil pessoas estão a fugir do norte da Nigéria”, onde reina o “pânico” devido aos ataques sucessivos do grupo Boko Haram, que já prometeu não parar enquanto a lei islâmica (sharia) não estiver implantada em todo o país.
“A maior parte das pessoas deixou tudo para trás e foge para sítios onde pensa que é seguro, principalmente para sul”, adianta uma fonte da AIS.
Uma conjuntura que já motivou inclusivamente um apelo de Bento XVI, para que “com o concurso das várias partes da sociedade, se encontrem a segurança e a serenidade”.
“A violência é um caminho que leva apenas à dor, à destruição e o amor; o respeito, a reconciliação e o amor são o caminho para atingir a paz”, sublinhou o Papa.
Com cerca de 51 projetos espalhados por todo o país, aquela organização pede o contributo dos portugueses para ajudar “este povo sofredor”.
Para além do apoio prestado às pessoas atingidas pela onda de violência, os donativos vão reverter para obras relacionados com a alfabetização e educação, a criação de redes de água potável e a prestação de cuidados de saúde.
JCP