Nigéria: Contributo da Igreja no início de uma nova era

A Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal Nigeriana foi escolhida como um dos seis observadores internacionais às eleições presidenciais que se vão realizar no próximo ano. O Padre Peter Audu, sacerdote na Arquidiocese de Kaduna (norte da Nigéria), revelou à Ajuda à Igreja que Sofre que a primeira tarefa dos observadores será monitorizar, já em Setembro, o recenseamento dos votantes. Este poderá ser um processo complicado uma vez que, segundo o sacerdote, receia-se que facções políticas e religiosas possam tirar partido da falta de vigilância nas fronteiras para introduzir imigrantes ilegais de países vizinhos, com a finalidade de os recensear e assim retirar dividendos nas eleições. Mas o P. Audu mostra-se optimista: “Ser escolhidos como observadores é um grande privilégio para nós. Claro que existe alguma apreensão, medo e também alguma confusão, como acontece em todas as eleições nos países em desenvolvimento. Mas estamos esperançados numa boa eleição”. O Senado não autorizou que o actual Presidente Olusegun Obansanjo concorresse a um terceiro mandato, o que seria aliás ilegal, de acordo com a Constituição do país que só permite dois mandatos presidenciais. O P. Audu espera que um novo regime possa beneficiar a região norte do país: “O norte necessita de uma maior partilha dos poderes. A Nigéria é um país rico devido às suas reservas petrolíferas, mas essa riqueza não é bem utilizada. Temos de desenvolver também outros sectores, para que cada estado possa ter algo mais do que apenas petróleo para o seu sustento”. O anúncio das eleições surge num momento de agitação na Nigéria, onde aumentam os receios de fragmentação étnica e religiosa, impulsionados pelos confrontos violentos que se têm verificado no país. Em Fevereiro registaram-se confrontações violentas entre muçulmanos e cristãos, após a publicação das caricaturas de Maomé. Os bispos nigerianos criticaram o Governo por não ter travado os motins, mal estes começaram. Em Kaduna os cristão tiveram de se defender dos ataques muçulmanos, como explicou o P. Audu que acrescentou que “cristãos e muçulmanos precisam de viver lado a lado”. A Comissão Justiça e Paz está a organizar um grupo de diálogo que possa fomentar o entendimento mútuo. Neste âmbito surgiu já a ideia de organizar um jogo de futebol com equipas mistas de cristãos e muçulmanos, porque o futebol pode ser um factor de unidade. O sacerdote nigeriano disse que a comissão pretende também formar um Coro da Paz, “que irá desempenhar um papel social, actuando nos seminários e nas prisões”. O P. Audu começou já a ensaiar com as crianças da sua paróquia e espera que as crianças muçulmanas se possam juntar aos “coristas da paz”. Departamento de Informação – Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

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