Nicarágua: Bispos da União Europeia pedem «libertação» de detidos por «perseguição sistemática» do Estado

Detenções, encerramento de rádios e televisões católicos, obstrução no acesso a igrejas e proibições de peregrinações e procissões motivaram envio de carta do cardeal Hollerich 

Foto: Vatican News
Legenda: D. Rolando José Álvarez Lagos presente a um tribunal em Managua

Bruxelas, 08 fev 2023 (Ecclesia) – O presidente da Comissão de Bispos da União Europeia – COMECE pediu a libertação do bispo D. Rolando Álvarez e de outros detidos na Nicarágua, consequência da “perseguição sistemática” das autoridades públicas.

Numa carta dirigida a D. Carlos Enrique Herrera Gutiérrez, OFM, Presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, o cardeal Jean-Claude Hollerich manifestou solidariedade “dos bispos da União Europeia” à Igreja católica da Nicarágua que “enfrenta uma profunda angústia devido à perseguição do Estado”, pode ler-se na missiva publicada pela COMECE.

“Como COMECE, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance perante as instituições europeias para a sua libertação e para a promoção da liberdade, do Estado de direito, da justiça e da democracia no seu amado país”, indica a carta assinada pelo cardeal do Luxemburgo.

A missiva, datada de 6 de fevereiro, expressa “proximidade e solidariedade” pelo “difícil momento enfrentado pela Igreja Católica local devido à perseguição sistemática levada a cabo pelas autoridades públicas”.

Desde Agosto de 2022, D. Rolando Álvarez e vários clérigos e fiéis na Nicarágua estão detidos e atualmente sob procedimento criminal.

“Estamos a acompanhar de perto a evolução da situação na Nicarágua, marcada pela perseguição da Igreja Católica e dos seus fiéis. Como bispos do COMECE estamos empenhados em promover a liberdade, a democracia e a justiça na Nicarágua através do nosso diálogo regular com os representantes das instituições da EU”, pode ler-se.

O governo da Nicarágua, liderado por Daniel Ortega, ex-guerrilheiro que está há 29 anos no poder, expulsou, em 2022, o Núncio apostólico D. Waldemar Stanislaw Sommertag e 18 freiras da Ordem dos Missionários da Caridade, tendo ordenado também a prisão de sete padres e dois colaboradores da diocese de Matagalpa, fechado nove estações de rádio católicas, retirado três canais católicos da programação televisiva por assinatura e impedido procissões e peregrinações.

Os últimos acontecimentos, onde se incluiu obstruções policiais de acesso às igrejas, e outros “atos graves” que “perturbam a liberdade religiosa e a ordem social justa”, mostram Um “agravamento de uma situação que começou há anos atrás”.

As autoridades da Nicarágua mantêm detidos D Rolando Álvarez, os padres Ramiro Tijerino, José Luis Díaz e Sadiel Eugarrios, ao diácono Raúl Vega González, aos seminaristas Darvin Leiva Mendoza e Melkin Centeno, e ao operador de câmara Sérgio Cárdenas, vítimas de “acusações falsas” de conspiração contra a “integridade nacional”.

“Juntamo-nos à voz que clama pela injustiça a que os nossos irmãos na Nicarágua estão a ser sujeitos e exigimos a sua libertação”, sublinha o cardeal Hollerich.

O presidente da COMECE reconhece “testemunhos de fé”, apostados no “bem social comum”, que são “admiráveis” e não devem “passar despercebidos”, de forma a impedir o que “infelizmente tem acontecido” de “multiplicação em diferentes partes do mundo”.

“Pedimos à Imaculada Imaculada Conceição de El Viejo, padroeira da Nicarágua, para interceder pela sua Igreja e pelo povo nicaraguense, a fim de que possam ser guiados no caminho de ser guiado ao longo do caminho da paz e do bem comum”, indica ainda a carta.

LS

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Agência ECCLESIA

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