Companhia de Jesus rejeita acusações de promoção de terrorismo
Lisboa, 17 ago 2023 (ecclesia) – As autoridades da Nicarágua confiscaram os bens da Universidade Centro-Americana (UCA), confiada aos Jesuítas, por decisão judicial, sob a acusação de ser “um centro de terrorismo”.
A Província Centro-Americana da Companhia de Jesus nega as acusações, que considera “falsas e infundadas”.
“Trata-se de uma política governamental que está a violar sistematicamente os direitos humanos e parece ter como objetivo a consolidação de um Estado totalitário”, advertem os jesuítas.
A UCA foi fundada em 1963 pela Companhia de Jesus como instituição educativa sem fins lucrativos, autónoma, de serviço público e inspiração cristã.
A instituição integra a AUSJAL (Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina) que define a decisão das autoridades da Nicarágua como um “atentado à autonomia universitária, à liberdade académica e aos direitos humanos”.
“Lançamos um apelo às autoridades para que cessem imediatamente a ocupação da UCA”, indica um comunicado do Observatório da Democracia da AUSJAL, divulgado pelo portal de notícias do Vaticano.
A Companhia de Jesus responsabiliza o Governo da Nicarágua por “todos os danos sofridos pelos alunos, pelo pessoal docente e administrativo e demais trabalhadores da Universidade”.
A Justiça do país deu ordens para confiscar todos os bens móveis e imóveis e o património económico da Universidade, em favor do Estado da Nicarágua.
O superior geral dos Jesuítas, padre Arturo Sosa, considerou “falsas e sem qualquer fundamento” as acusações de terrorismo que foram dirigidas pelo governo.
O responsável exigiu “a reversão e a correção da medida judicial imposta à UCA, de modo a que a universidade possa prosseguir o trabalho que vem desenvolvendo há 63 anos de promoção da reflexão, de educação aberta, democrática e livre”.
A tensão entre o regime de Daniel Ortega e a Igreja Católica, agudizou-se nas semanas que antecederam as eleições presidenciais de 2021, das quais sairia vitorioso, depois de mandar prender vários pré-candidatos da oposição.
Um bispo católico, D. Rolando Álvarez, está preso desde fevereiro e foi condenado a 26 anos de prisão, na Nicarágua, país onde a Santa Sé não tem atualmente representação diplomática, depois de ter sido expulso o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé), D. Waldemar Stanislaw Sommertag, em março de 2021.
OC