Bento XVI fecha audiências de 2007 com mensagem forte sobre o significado das celebrações natalícias Bento XVI deixou esta Quarta-feira uma forte interpelação aos cristãos de todo o mundo, questionando-os sobre o sentido de celebrar o Natal “sem reconhecer” nessa celebração o nascimento de Jesus. “Que sentido tem festejar o Natal se não se reconhece que Deus se fez homem? Os cristãos têm de proclamar com convicção a verdade do nascimento de Cristo”, algo que o Papa considerou “um tesouro para todos”. Num “mundo secularizado”, frisou Bento XVI, conceitos como os proclamados pela Igreja em relação a Jesus “verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem” parecem “já não contar muito”. “Prefere-se ignorá-los ou considerá-los supérfluos para a vida, sob o pretexto de que estão de tal forma distantes que acabam por ser praticamente intraduzíveis em palavras convincentes e significativas”, prosseguiu. Por outro lado, insistiu, há uma “ideia de tolerância e pluralismo para a qual acreditar que a verdade se manifestou efectivamente parece constituir um atentado à tolerância e à liberdade do homem”. Neste e noutros pontos do seu discurso, o Papa retomou ideias expressas recentemente pela Congregação da Doutrina na Fé numa Nota Doutrinal sobre a evangelização. “Quando se anula a verdade, não se torna o homem um ser privado de sentido? Não nos constrangimos a nós próprios e ao mundo a aderir a um relativismo vazio?”; atirou. “Em Belém manifestou-se ao mundo a Luz que ilumina a nossa vida e foi-nos revelado o Caminho que conduz a humanidade à plenitude”, afirmou. Daqui surge, segundo Bento XVI, “o dever da evangelização, que consiste exactamente nesta boa notícia”, um “dom inaudito”. O Papa deixou votos de que “os desejos de bondade e amor trocados por estes dias cheguem a todos os âmbitos da nossa vida quotidiana e contribuam para criar uma profunda sensibilidade perante as formas de pobreza”. Na saudação aos peregrinos de língua portuguesa Bento XVI deixou votos de que “o Natal seja uma festa de paz e de alegria: alegria pelo nascimento do Salvador, Príncipe da Paz”. “Feliz e santo Natal!”, acrescentou. No início da audiência geral desta manhã, o Papa improvisou em relação ao tema da justiça, da presença de Jesus como “justo juiz”. “Vemos tantas injustiças no mundo e esperamos que haja justiça”, sublinhou. Após o encontro, Bento XVI inaugurou na sala de audiências Paulo VI um presépio mexicano, bem como a árvore de Natal decorada por artistas deste país. A iniciativa assinala o 15.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a Santa Sé e o México. Emilio Gonzales Marquez, governador do Estado de Jalisco, de onde são originários os artistas que expõem as obras até 2 de Fevereiro de 2008 no Vaticano, renovou ao Papa o convite do presidente Calderón para que Bento XVI visite o México. A audiência geral de hoje foi a 44ª de 2007, momentos durante os quais Bento XVI se encontrou com 624 mil peregrinos de todo o mundo. No próximo dia 26, não haverá audiência, mas tem lugar a recitação do Angelus pela festa litúrgica de Santo Estêvão.