Natal: Patriarca pede «nova ordem económica»

Mensagem de D. José Policarpo aos portugueses sublinhou que sofrimento coletivo pode dar «frutos», desde que exista «harmonia social»

Lisboa, 24 dez 2011 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca apelou hoje a uma nova “ordem económica”, em tempos de crise, assinalando que o “grito de equidade e de justiça” deve respeitar uma “harmonia social que permita e favoreça mais a cooperação do que o confronto”.

“Esta busca da paz pode ser atitude decisiva para vencermos a crise”, indicou D. José Policarpo, na mensagem de Natal transmitida pela RTP (TV e Rádio).

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa espera que a nova ordem da economia “acentue o bem comum, vença os individualismos, as desigualdades chocantes, todas as formas de materialismo”.

Este responsável afirmou que “um dos frutos do presente sofrimento coletivo pode ser levar a sociedade a abrir-se a uma nova etapa da civilização, que dê maior prioridade à pessoa” e que “aprenda a dar prioridade aos valores do espírito e não apenas ao dinheiro”.

A intervenção, intitulada ‘E se o Natal nos ajudasse a enfrentar a crise?’, frisou que “os portugueses, este ano, celebram o Natal em ambiente de crise”.

“Há desempregados, famílias em dificuldade, há mais pobreza, mais sofrimento, há crise de esperança”, elencou.

Para o patriarca de Lisboa, é necessário “inverter os termos da questão”: “Em vez de nos perguntarmos como é possível celebrar a alegria do Natal, mergulhados neste sofrimento coletivo, procuremos descobrir em que medida é que o Natal, a festa do Deus connosco, nos pode ajudar a viver positivamente este momento”.

“Ele [Jesus] ensina-nos a não nos assustarmos com o sofrimento, mas a enfrentá-lo com coragem e generosidade. Ele próprio enfrentou uma morte cruel e injusta e ofereceu-se por nós, amou-nos no seu sofrimento.

Lamentando a perda da “fecundidade do sofrimento” na cultura contemporânea, D. José Policarpo destacou que esse sofrimento pode gerar “a comunhão de amor” e ajudar “à vitória sobre os individualismos”, como “semente de transformação da sociedade”.

“Quando o sofrimento dos outros nos toca o coração, tornamo-nos inventivos na busca de ajuda; é a fecundidade transformadora do amor”, precisou.

Evocando o exemplo de Maria, a mãe de Jesus, o cardeal-patriarca declarou que “a alegria é sempre possível” e que “a esperança é atitude que não morre em quem acredita e ama”.

“Apesar das dificuldades que muitos estão a sentir, desejo-vos com fé e com amor, a alegria do Natal”, concluiu, dirigindo-se a todos os portugueses.

OC

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