D. Rui Valério sublinha que país atravessa momento «decisivo» para o seu futuro
Lisboa, 25 dez 2023 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa apelou hoje, na Missa de Natal, à construção de uma “cultura de cooperação e inclusão” na sociedade portuguesa, apontando ao novo ciclo político que se vai viver em 2024.
“Vivemos hoje, culturalmente, a atrocidade da bipolarização, que impõe a obrigatoriedade da provocação, do confronto inconciliável, que apenas gera divisão e é incapaz de fomentar uma cultura de cooperação e inclusão, de que tanto necessita o nosso país, particularmente num momento tão decisivo como o que estamos a viver”, referiu D. Rui Valério, na Eucaristia a que presidiu na Sé de Lisboa, esta manhã.
O responsável católico destacou que a celebração do nascimento de Jesus convida todos a “receber a nova vida divina” e a “dar a própria vida por amor a fim de que outros vivam”, unindo todos na “construção de dias mais verdadeiros e solidários”.
“O Natal é isto: Deus fez-se um de nós, para que nós pudéssemos viver com Ele, tornando-nos semelhantes a Ele. Como sinal, escolheu o Menino no presépio: Deus é assim! Deste modo, aprendemos a conhecê-lo”, apontou.
Em todo o menino, em todo o irmão pobre e vulnerável, brilha algo da luz daquela noite, o ontem continua a acontecer hoje. É esta proximidade de Deus que devemos amar e à qual nos devemos submeter, encarnando esse amor no amor aos outros e no serviço a eles”.
A homilia destacou a importância de um “horizonte transcendente” para dar sentido à existência: “Tanto o homem da era digital, como o da pré-história, só em Deus encontra caminhos para superar a sua finitude e assegurar a sua precária aventura terrena”.
“A proposta que emerge do Natal, mostra-nos o quanto e o que o próprio ser humano perde quando separado de Deus, o sentido da plenitude da vida”, acrescentou.
Já na homilia da noite de Natal, enviada à Agência ECCLESIA, D. Rui Valério tinha apontado à “força da vida nova que o Menino do presépio oferece, para inaugurar uma nova manhã na vida da humanidade”, “sem guerras, sem orgulho e sem inveja”.
“Não tenhais medo: da força do amor que o Menino quer infundir a todos, para ser, finalmente, o amor, o critério e a medida, da aproximação aos outros, à existência e a todas as criaturas”, declarou.
O patriarca de Lisboa alertou para uma “crescente e alarmante crise ética”, que está a conduzir ao “esvaziamento do rosto cristalino do bem, do bom e do verdadeiro”.
“Hoje, as debilidades que mergulham a humanidade nos calafrios da incerteza e, por vezes, da indignidade exprimem-se em guerras fratricidas, que nem o lugar histórico do nascimento de Jesus respeita”, lamentou.
OC
Natal: Projeto de civilização inaugurado pelo nascimento de Jesus «está a regredir» (c/vídeo)