Natal: Papa pede paz para Médio Oriente

Bento XVI evoca populações da terra natal de Jesus na celebração da missa do galo

Cidade do Vaticano, 24 dez 2012 (Ecclesia) – Bento XVI lembrou hoje as populações que “vivem e sofrem” em Belém, na Cisjordânia, terra natal de Jesus, e de todo o Médio Oriente para pedir paz na região e diálogo entre os fiéis das várias religiões.

“Rezemos para que lá haja paz. Rezemos para que israelitas e palestinos possam conduzir a sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para que lá se consolide a paz”, disse o Papa na homilia da missa do galo, a que presidiu na Praça de São Pedro.

Em vésperas do Natal, Bento XVI pediu ainda que os cristãos possam “conservar a sua casa” nos países onde teve origem a sua fé e que “cristãos e muçulmanos construam, juntos, os seus países na paz de Deus”.

O Papa evocou uma passagem da Bíblia para desejar que “em vez dos armamentos para a guerra, apareçam ajudas para os doentes”.

“Iluminai [Deus] quantos acreditam que devem praticar violência em vosso nome, para que aprendam a compreender o absurdo da violência e a reconhecer o vosso verdadeiro rosto. Ajudai a tornarmo-nos homens ‘do vosso agrado’: homens segundo a vossa imagem e, por conseguinte, homens de paz”, prosseguiu.

Numa reflexão sobre o fanatismo religioso e a violência, o Papa frisou que ao longo da história da humanidade “não houve apenas casos de mau uso da religião, mas, da fé no Deus que Se fez homem, nunca cessou de brotar forças de reconciliação e magnanimidade

Bento XVI recordou mesmo os “tipos de violência arrogante” que decorreram da negação de Deus, “com o homem a desprezar e a esmagar o homem”, em “toda a sua crueldade”, no século passado.

“Onde não se dá glória a Deus, onde Ele é esquecido ou até mesmo negado, também não há paz. Hoje, porém, há correntes generalizadas de pensamento que afirmam o contrário: as religiões, mormente o monoteísmo, seriam a causa da violência e das guerras no mundo”, lamentou.

Segundo essas correntes, frisou o Papa, “seria preciso libertar a humanidade das religiões, para se criar então a paz; o monoteísmo, a fé no único Deus, seria prepotência, causa de intolerância, porque pretenderia, fundamentado na sua própria natureza, impor-se a todos com a pretensão da verdade única”.

A intervenção de Bento XVI condenou as “deturpações do sagrado”, considerando “incontestável algum mau uso da religião na história”.

“É verdade que o monoteísmo serviu de pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode adoecer e chegar a contrapor-se à sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve ele mesmo deitar mão à causa de Deus, fazendo assim de Deus uma sua propriedade privada”, precisou.

Para o Papa, contudo, “não é verdade que o ‘não’ a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, apaga-se também a dignidade divina do homem”.

A cerimónia marcou o início do calendário de Bento XVI para o tempo litúrgico do Natal, que segue a tradição, com seis celebrações em três semanas, para além de um encontro com jovens cristãos da Europa.

Os participantes na missa do galo, transmitida para dezenas de países, incluindo Portugal, lembraram os “povos em guerra”, particularmente no Médio Oriente, para que saibam encontrar “caminhos de compreensão”.

Esta cerimónia foi antecedida pelo canto da ‘calenda’, um texto da antiguidade cristã que serve como anúncio do nascimento de Jesus, acontecimento que a oração coloca na época da 194ª Olimpíada e no ano 752 da fundação de Roma, entre outras referências históricas.

OC

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Agência ECCLESIA

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