António Saraiva Dias destaca que «as pessoas compram imenso os presépios com máscara»
Vila do Conde, 29 dez 2020 (Ecclesia) – A Associação para Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde está a promover uma exposição de ‘Presépios de Portugal’ onde a pandemia Covid-19 também está presente nos trabalhos apresentados pelos artesãos de todo o país.
“Este ano aparece o Menino Jesus e São José com as máscaras e que têm muita saída. Não sei porquê, a não ser por marcar um período, uma etapa, por ficar com uma recordação”, disse o presidente da Associação para Defesa do artesanato e património de Vila do Conde.
Em declarações à Agência ECCLESIA, António Saraiva Dias observa que os presépios “com as figuras tradicionais com a mascarilha” que as pessoas são “obrigados a usar não fará nenhum sentido do ponto de vista formal” mas marca um período, uma data e, “a verdade, é que as pessoas compram imenso os presépios com máscara”.
A artesã Isabel Machado recordou que também recebeu um pedido relacionado com este tempo da pandemia para vestir “os reis magos de médicos, de máscara”, enquanto as outras figuras do presépio “estão normais, com os trajes que se usavam antigamente”.
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A exposição ‘Presépios de Portugal’, uma iniciativa da Associação para Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde há 20 anos, pode ser visitada no auditório municipal vila-condense, até dia 31 de dezembro.
“O artesanato português é muito rico, muito variado, os artesãos portugueses além de artistas exímios têm uma enorme criatividade e a prova é que num evento intemporal e universal encontra centenas de perspetivas totalmente diferentes, umas mais ingénuas, outras mais artísticas mas todas muito criativas que reproduzem um momento que é impar na história da humanidade”, assinalou António Saraiva Dias.
Segundo o presidente da associação, a preocupação com esta mostra “é ter presenças de norte a sul do país” e “nos mais diversos materiais” podendo ser encontrados presépios “em ferro, prata, vidro, em cerâmica que é a maioria e dos mais diversos centros de produção, têxteis, em material reciclado, e rendas de bilros”.
Manuel Floriano destaca que o seu trabalho “é feito essencialmente à base de produtos naturais” e a sua arte é uma oportunidade para passar cultura e conhecimento, por exemplo, no “contacto com muitas crianças e adolescentes” onde começa a mostrar os presépios pelo material utilizado, como “a cabeça do Menino Jesus é um grão de pimenta, a Nossa Senhora é uma semente de girassol”, e “é uma forma de os cativar e muitos não conhecem muitas sementes”.
“Nunca fugindo da minha raiz, que são os produtos naturais, estou sempre a inovar: A madeira está sempre muito presente no meu trabalho”, acrescentou o artesão em declarações à Agência ECCLESIA, exemplificando com um presépio onde o corpo das figuras foi feito “em folha do coqueiro, revestidas por folha de bambu”, o berço tem “folha do milho, raízes”, e “todas as cabeças são em cortiça”.
A artesã Isabel Machado explica que este ofício começou “como um passatempo”, numa escola de cerâmica, onde começaram “por brincar no barro” e, ao longo dos anos, foi aperfeiçoando.
“Utilizo várias cores de barro porque são peças que não pintadas, o próprio barro já tem a cor e, às vezes, para dar outra tonalidade de cor faço a junção de todos os barros. Logo são peças únicas, não há nenhuma igual”, explicou, referindo que dedica muito cuidado ao rosto das figuras que “tem que sair impecável” e, às vezes, “demoram mais tempo a fazer do que a peça em si”.
A mostra/venda de ‘Presépios de Portugal’, da Associação para Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde, pode ser visitada até esta quinta-feira, 31 de dezembro, e as peças também estão disponíveis no sítio online www.presepiosportugal.pt.
HM/CB