Fundadores do projeto «D’Évora com Amor» trocaram Lisboa pelo Alentejo e dizem como vivem quadra natalícia e a transmitem através da arte

Évora, 24 dez 2025 (Ecclesia) – Os artesãos Sandra e Luís Pinto, fundadores do projeto “D’Évora com Amor”, veem no presépio um objeto de “contemplação” e de “oração”, mais do que um elemento “decorativo” ou “para vender”.
“O presépio não é para vender. Aliás, o presépio pode ser para vender, mas para ser apreciado, exatamente naquilo que ele representa. Não propriamente para ser só mais uma peça que nós compramos, colocamos em casa e fica numa prateleira”, disse Sandra Pinto, em entrevista ao Programa ECCLESIA, que vai ser transmitido no dia de Natal, na RTP2, pelas 15h00.
O casal, que elabora peças em barro, relata que a representação do nacimento de Jesus sempre foi um tema querido aos dois, tendo sido o ponto de partida da sua atividade.
“A determinada altura, nós percebemos que o tema do presépio, para poder fazer mercado, as feiras de artesanato, tinha que ser, entre aspas, massificado. Ou seja, era um tema que tínhamos que explorar para vender, como um objeto de consumo. E na altura, eu achei que não era por aí que eu gostaria de explorar o tema”, indica Sandra.

A artesã conta que esporadicamente elabora peças que evocam o nascimento de Cristo, a título pessoal ou para pessoas chegadas, apesar de já não produzir em série.
“Nós não estamos aqui a querer dizer aos nossos colegas deixem de fazer presépios, que é a fonte de alimento deles, e passem a fazer só presépios como meio de oração. Não. Nós estamos a pedir às pessoas, e não só às pessoas que fazem com as mãos o presépio, mas às pessoas que constroem o presépio em casa, que contemplem o presépio”, refere Luís Pinto.
O fundador do projeto “D’Évora com Amor”, com Sandra Pinto, convida a tocar nas peças que compõem a imagem do nascimento de Jesus, a aproveitar o momento e a fazer uma oração.

Luís Pinto assume que teve uma conversão “tardia” – realizou a primeira comunhão numa Missa do Galo – e observa que a época natalícia não é vivida como antes.
“Agora é mais o resto, as prendas, o Pai Natal, as árvores de Natal […] O desafio agora é reconverter outra vez. Ou seja, voltar a trazer Cristo, basicamente. Voltar a trazer o menino para o centro”, realça.
Para o entrevistado, a vivência do Natal passa por celebrar a Eucaristia e estar com a família: “Às vezes é um tempo que não se consegue ter no dia-a-dia, no corre-corre. É estarmos com calma, é ver a paz entre todos”.
![]() Há 12 anos, Sandra, formada em geografia, e Luís Pinto, jornalista, decidiram mudar de vida e deixar a capital. “O sítio onde trabalhava ofereceu rescisões de contrato e a nossa decisão foi, em vez de irmos para o Alentejo quando fomos velhinhos, vamos agora”, refere o artesão, que durante quase 20 anos trabalhou na Agência Lusa. “Quando o Luís me disse que tomou a decisão de sair, de virmos morar para cá, eu achei Alentejo. Alentejo, se calhar, era um tema a explorar. Na altura, não fui muito bem compreendida, porque era um tema que ninguém explorava, e parecia um nicho de mercado, e até era um bocadinho assustador”, conta. Assim nasceu o projeto ‘D’Évora com Amor‘, a 40 quilómetros de Évora, com o casal a trabalhar peças que retratam as gentes e os lugares da região. “Quando começámos a criar, a ir às férias de artesanato, a estar mais presentes, o trabalho da Sandra explodiu, basicamente. E depois chegámos ao ponto, lá está, sentimos a necessidade de criar um site de internet para ter o catálogo das peças”, menciona Luís. “Vizinhos”, “Janelas e Portas”, “Quadras alentejanas”, “tabernas”, “Pastores e ceifeiras”, “Cante” e “Planície” são algumas das peças que mostram a essência do Alentejo e que são construídas pelos dois artesãos. “Há algumas pessoas que nos contactam fora de Portugal, e que gostam, e dão os parabéns, e que se identificam com a peça”, refere Sandra. |
PR/LJ







