Natal num campo de refugiados

Lisboa, 20 dez 2011 (Ecclesia) – A irmã Irene Guia, da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, viveu durante quatro anos a experiência de passar um Natal em campos de refugiados, tanto no Ruanda como na República Democrática do Congo

“Não é fácil falar do Natal quando o contraste é tão grande com o nosso. Não é fácil. Não é fácil porque o Natal num campo de refugiados é tão austero e tão extremamente pobre que a única coisa que realmente acontece é, de facto, o nascimento do Deus Menino, o Emmanuel, o Deus-connosco”, escreve, num texto hoje publicado no semanário Agência ECCLESIA.

A religiosa portuguesa foi voluntária do JRS (Serviço Jesuíta aos Refugiados, sigla em inglês) de novembro de 2006 a outubro de 2010 e fala dos campos onde passou o Natal, nesses anos, como locais “onde se equilibra o desespero com a certeza do regresso a casa”.

“Durante esses quatro anos não faltei a um único Natal no campo. Eles eram, e ainda são, a minha comunidade de referência”, assinala.

A celebração da irmã Irene Guia não teve eletricidade, rabanadas, peru, bacalhau, vinho ou azevinho.

“Nalgumas tendas haverá batata cozida, um verdadeiro manjar de festa, para quem conseguiu trocar, por estas, parte da farinha de milho que, há anos sem fim, é o prato do dia a dia que se recebe mensalmente do Programa Alimentar Mundial”, relata.

A religiosa destaca que, depois da missa, as pessoas “ficarão horas a dançar com o coração repleto de alegria porque nasceu novamente o Menino, o Príncipe da Paz que fortalece a esperança que lhes permitirá voltar a casa”.

“Pode haver alguém que entenda melhor as razões pelas quais o Deus Menino quis nascer em extrema pobreza e habitar numa tenda, que nasceu numa gruta por não encontrar lugar na hospedaria, do que aqueles que, tal como Ele, vivem em pobreza e habitam em tendas porque não têm lugar no seu próprio país, na sua própria terra?”, pergunta.

Em conclusão, a irmã Irene Guia observa que “no Natal num Campo de Refugiados, de facto, não acontece nada. Unicamente nasce o Salvador ardentemente esperado”.

OC

 

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