Natal: Homilia da Missa da Meia-Noite do bispo de Bragança-Miranda

Missa da Meia-Noite, Catedral de Bragança-Miranda

EUCARISTIA-NATAL: DOM DA CARIDADE E MISTÉRIO DA ETERNA VIDA

 

  1. Natal Novo

Cantamos nesta Liturgia tão participada: «Hoje nasceu o nosso salvador, Jesus Cristo, Senhor». Assim é: «Cada Natal é um Natal novo, é uma nova oferta de amizade e de partilha que Deus faz a cada um de nós. Da nossa parte, com efeito, cada ato de acolhimento, de justiça, de perdão, de compreensão e de solidariedade são o coroamento natural da celebração do Natal» (C. M. Martini).

Hoje festejamos o Natal de Belém, “a casa do pão”, com um maior sublinhado para o pão da vida escutado, acreditado, celebrado, partilhado e vivido na Eucaristia, dom da caridade e mistério da eterna vida. O pão é essencial à vida e Jesus Cristo é Ele mesmo o Pão da Vida.

A tal propósito, o percurso de fé do Advento seguiu os marcadores do ciclo do pão: terreno “estai preparados” (Mt 24,44); sementeira “nascerá a justiça” (cf. Sl 71,7); colheita “vinde salvar-nos” e moinho “despertou do sono” (Mt 1,24). Agora continuamos o caminho: massa “viram um Menino” (cf. Lc 2,16); forno “revesti-vos da caridade” (cf. Col 3, 12); pão “viemos adorá-lo” (Mt 2,2) e refeição “este é o meu filho muito amado: escutai-o” (Mt 3,17).

  1. Altar-Manjedoura

Nesta noite santa ecoa solenemente aquele antigo e sempre novo hino: «Ó verdadeiro corpo do Senhor, Nascido para nós da Virgem Mãe, Penhor da eterna glória prometida! » (Hino Ave Verum, séc. XIV).

Ao mesmo tempo que construirmos o sinal admirável do presépio, em casa, no trabalho, na igreja, no hospital, na escola, ou em qualquer lugar público ou particular, podemos experimentar a Eucaristia-Natal: «A mãe trouxe-O no seio; levemo-Lo nós no coração; (…) Não sejamos estéreis…Aquele que enche o mundo só encontrou lugar num estábulo; colocado na manjedoura, tornou-Se alimento para nós…» (Sto. Agostinho).

De facto: «O Senhor sabe que precisamos de nos alimentar todos os dias. Por isso, ofereceu-nos todos os dias da sua vida, desde a manjedoura de Belém até ao cenáculo de Jerusalém. E ainda hoje, no altar, faz-Se pão partido para nós: bate à porta, para entrar e cear connosco (cf. Ap 3, 20). No Natal, recebemos Jesus, Pão do céu na terra: trata-se de um alimento cuja validade é ilimitada, fazendo-nos saborear já agora a vida eterna» (Papa Francisco).

  1. Humildade e Glória

A Eucaristia-Natal é gratidão e louvor, porque «a nossa fragilidade humana é assumida pelo Verbo, o homem mortal é elevado à dignidade imortal e, unido a Vós em comunhão admirável, torna-se participante da vida eterna» (Prefácio do Natal III).

Um Santo Natal comemorado e experimentado na família e na comunidade, aberto aos mais pobres, aos doentes, aos sós, isolados e secalhar esquecidos, aos reclusos, aos migrantes, a todas a vítimas de tantos males e a todos os que precisam da nossa presença e do nosso serviço.

Com viva cordialidade e proximidade.

 

+ José Manuel Cordeiro

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