Arcebispo de Évora apela à defesa da vida e à superação de «interesses individuais»
Évora, 19 dez 2013 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora alertou na sua mensagem de Natal, publicada hoje, para a exclusão dos mais necessitados na sociedade contemporânea e apelou à “defesa dos valores da vida”.
“A sociedade dos humanos, que não recebeu o Salvador, continua a não ter lugar para acolher os que precisam mas, ao mesmo tempo, no coração humano, há muitos lugares disponíveis para a defesa dos interesses individuais”, alerta D. José Alves.
Partindo de uma citação do evangelho segundo São João – ‘Veio para o que era seu e os seus não O receberam’ – o prelado destaca que esta situação “continua a repetir-se constantemente, com um sem número de pessoas que não têm onde morar na grande hospedaria do mundo”.
“Nos nossos dias e ao nosso lado há muitos que não encontram lugar”, acrescenta o arcebispo de Évora.
“Não encontram lugar na família, nos ambientes de trabalho, nas escolas, no emprego, nas casas de habitação, nos hospitais. Resta-lhes a rua e as instituições de caridade que os socorrem”, especifica D. José Alves.
A reflexão para o Natal de 2013 começa com o prelado a recordar uma conversa com “uma senhora, num lar de terceira idade” que lhe revela que teve cinco filhos numa casa pequena onde cabiam todos e agora “todos têm uma casa melhor” do que aquela “onde nasceram e foram criados”, mas nenhum tem lugar para a mãe.
O arcebispo denúncia que é “mais fácil acolher a exploração do que a promoção; a avareza do que a generosidade; os excessos do que a compaixão; o hedonismo do que a renúncia; a vaidade do que a simplicidade; o egoísmo do que a caridade”.
“É mais fácil encontrar lugar para o Natal do consumismo do que para o Natal da partilha, da promoção da dignidade da pessoa humana e da defesa dos valores da vida”, alerta.
No texto publicado na página da internet da arquidiocese, o prelado considera também que é “mais fácil encontrar lugar para o messianismo explorador das pessoas e dos povos do que para a redenção”.
“O Filho de Deus não teve lugar na hospedaria”, recorda D. José Alves, que explica que nasceu na pobreza e na humildade “para redimir a humanidade do pecado da exclusão social e do apego exagerado e do uso injusto dos bens materiais que pertencem a toda a humanidade”.
CB/OC