Iniciativa envolve centenas de participantes que nos cenários mostram a vida no tempo de Jesus.
Braga, 25 dez 2021 (Ecclesia) – O padre João Torres, pároco de Priscos (Arquidiocese de Braga) considera que o Natal é uma “forma de ajudar” aqueles que “tentam encontrar o ausente”, por isso a edição deste ano do Presépio de Priscos é dedicada às crianças desaparecidas.
“Veio-me à memória o rosto sofrido da mãe do Rui Pedro, criança desaparecida há 23 anos, que procura o seu filho, por isso o Natal é uma forma de ajudar aqueles que não têm o mesmo que eu tenho”, disse à Agência ECCLESIA.
Na inauguração do Presépio de Priscos, os pais deste jovem desaparecido há 23 anos foram homenageados e, ao mesmo tempo, pretendeu-se “levantar também nos meios de comunicação social, na comunidade e na própria Igreja uma reflexão sobre esta ausência do ainda não te encontrar”, sublinhou o sacerdote.
“Uma Igreja que não caminha com os pobres não serve para nada”, acentuou.
No Norte do país este é por estes dias, o destino de muitos que fazem questão de associar a sua vivência de Natal a uma experiência mais imersiva no contexto histórico do presépio.
O Presépio de Priscos está de portas abertas para partilhar com todos a originalidade de um acontecimento que outros natais vão apagando ou substituindo por adereços ou figuras alternativas.
Para D. Jorge Ortiga, o administrador diocesano de Braga, o presépio “tem sempre uma lição” e o Presépio ao vivo de Priscos tem a característica de colocar “uma intenção, um alerta e uma denúncia”.
“Importa tomar consciência que continuam a desaparecer crianças e a sociedade tem de estar aberta para que isso não aconteça”, referiu D. Jorge Ortiga à Agência ECCLESIA.
O presépio fala da família e é no seio desta que a “criança deve crescer, daí a importância deste presépio”, afirmou o administrador diocesano de Braga.
O presépio ao vivo de Priscos tem cerca de 800 participantes que dão vida a uma história “sempre antiga e sempre nova”, num espaço com cerca de 30.000 m2 de ocupação e com mais de 90 cenários, com referência às culturas egípcia, judaica, romana, assíria, grega e babilónica.
Não faltam muitos dos ofícios que existiam no tempo de Jesus: os ferreiros a forjarem e a temperar o ferro, o sapateiro a concertar sandálias rompidas, serradores que cortam lenha, camponeses a organizarem as ferramentas de trabalho, a tecedeira no tear a jogar fios de lã, o oleiro a moldar o barro, a padeira a amassar a farinha, entre tantos outros cenários da época, e, claro, a família de Nazaré a ser família diante das sombras do seu tempo.
“Visitar o Presépio de Priscos é regressar a muitos séculos atrás e, ao mesmo tempo, é um hoje porque é o nascimento de Jesus Cristo”, realça D. Jorge Ortiga.
Esta iniciativa pretende também transmitir “uma mensagem de esperança” e, atualmente, o povo português está a viver “momentos difíceis”, mas “não pode perder a esperança”, acentuou.
Para o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, o presépio de Priscos tornou-se, ao longo dos anos, “uma referência, não apenas religiosa mas também turística”.
“Um esforço de trabalho que envolve toda a comunidade”, disse.
Na edição deste ano, o visitante pode ver o Presépio de Priscos nos dias 26 de dezembro e nos dias 02, 08, 09 de janeiro de 2022.
LFS