D. Manuel Felício lembrou a «sustentabilidade do planeta», a inteligência artificial, a justiça, alertou para os pobres e migrantes e incentivou a «bons programas» até às próximas eleições
Guarda, 26 dez 2023 (Ecclesia) – O bispo da Guarda disse que “é de consolação que todo o mundo precisa”, por causa das situações que podem “pôr em risco o seu próprio futuro”, na homilia da Missa de Natal, na Sé.
“Pensamos agora na sustentabilidade do planeta, essa nossa casa comum que habitamos e precisamos de deixar habitável para as gerações futuras. Pensamos também nos avanços da inteligência artificial que está a invadir todos os campos da vida quotidiana dos cidadãos, podendo trazer-lhes o melhor, mas também o pior, dependendo da responsabilidade com que os seres humanos a souberem organizar”, disse D. Manuel Felício, esta segunda-feira, na Eucaristia a que presidiu na Sé de Guarda.
Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo da Guarda acrescenta que, “neste como em outros processos”, é determinante o “serviço dos poderes públicos”, por isso, aos mandatados para governar têm “o direito de exigir que ofereçam condições e garantias de confiança”.
“Como sabemos, toda a autoridade, por princípio, é um serviço da causa pública e quantos nele estão investidos têm a obrigação de não defraudar os que deles dependem”, realçou.
D. Manuel Felício considera que até às próximas eleições legislativas, a 10 de março, é o “tempo favorável” para tentar repor essa confiança, que só se conseguirá com “bons programas apresentados pelos que se propõem para ser governo” e, ao mesmo tempo, com a “máxima participação dos cidadãos, quer no processo de os elaborar quer no ato de os sufragar”.
“Todos desejamos uma maior proximidade entre os políticos e os cidadãos em geral e sobretudo que os primeiros saibam auscultar bem o sentir dos cidadãos, para se desfazer, o mais possível, este relativo desencanto”, assinala.
O bispo da Guarda salientou que a “aplicação da justiça” é outro fator da “insatisfação manifestada pelo comum dos cidadãos portugueses”, e refere que existem algumas interpelações a que é necessário dar ouvidos, nomeadamente a “exigência de que não se faça discriminação entre ricos e pobres”, e, neste sentido, manifestou também preocupação pelo “crescimento do número de pobres”.
“Há indicadores de que sabemos fazer bom acolhimento aos imigrantes que são necessários para o desenvolvimento do país, em setores vitais. Mas faltam-nos as necessárias medidas de inserção que lhes permitam aceder ao desejado estatuto social de igualdade com os cidadãos nacionais”, desenvolveu, observando que há ainda um “longo caminho a percorrer”.
D. Manuel Felício explicou que a lição de Belém faz “reconhecer” a fragilidade de cada um, a sua limitação e que “muitas vezes” não se faz o bem que, no fundo, se deseja, “mas o mal para onde as circunstâncias empurram”.
“Queremos, à luz dos imperativos que nos vêm do Menino do Presépio, reforçar a nossa vontade para assumir sempre as responsabilidades que nos estão confiadas.”
O responsável diocesano começou a homilia da Missa de Natal a explicar que “no coração do Natal está o próprio Deus”, que toma a iniciativa de “vir e partilhar sem reservas o destino da condição humana”, e afirma que “é de consolação que todo o mundo precisa”, quando se vê a braços com “situações que podem pôr em risco o seu próprio futuro e em particular a vida daqueles que hão de vir”.
Na homilia da Missa da meia-noite, a tradicional Missa do Galo, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo da Guarda já tinha lembrado as condições em que Jesus nasceu, “um Menino que não encontrou lugar nas casas das gentes de bem (as hospedarias)”, e destacou que a ligação do Presépio de Belém ao Mistério da Eucaristia “é uma das importantes mensagens que deixa São Francisco de Assis”, e
“E esta mensagem tem para nós Diocese da Guarda significado especial, pois também a partir da contemplação do Mistério do Menino de Belém, desejamos motivar-nos para revitalizar a tradição do Lausperene implantada em todas as paróquias desta Diocese da Guarda, desde os anos 50 do século passado”, referiu D. Manuel Felício, lembrando o 5º Congresso Eucarístico Nacional, que se vai realizar de 31 de maio a 2 junho de 2024, na Arquidiocese da Guarda.
CB