Natal dos Sem Abrigo

Comunidade Vida e Paz distribuiu refeições natalícias Este ano, a ceia de Natal que a Comunidade Vida e Paz proporcionou aos sem abrigo da cidade de Lisboa teve um número “mais elevado do que o esperado. Ao todo estiveram cerca de dois mil sem abrigo” – declarou à Agência ECCLESIA a Irmã Maria Gonçalves, presidente desta organização católica. Apesar das estatísticas sublinharem que existem menos sem abrigo na capital, a Irmã Maria Gonçalves realça que “não há estudo nenhum feito com profundidade e rigor”. Uma população “muito difícil de contabilizar” porque “são muito flutuantes”. Esta iniciativa, realizada de 17 a 19 de Dezembro, na cantina da Universidade de Lisboa, teve no último dia a tradicional ceia de natal com “o bacalhau com todos”. À saída, os desprotegidos da sociedade receberam uma prenda: um kit com material de higiene e roupa. Um pequeno auxílio mas “não é só com isto que se resolve o problema básico de cada pessoa” – salienta a responsável pela Comunidade Vida e Paz (CVP). “Dar a mão aos mais necessitados” – acentuou. Essa promoção inclui o apoio social a grupos desfavorecidos ou a resposta a problemas sociais emergentes que afectam a sociedade portuguesa, como é o caso dos sem-abrigo, a quem a Comunidade Vida e Paz se dedica desde o final dos anos 80. Um grupo de católicos liderado pela Irmã Maria Gonçalves Martins fundou a Comunidade para promover a “realização pessoal deste grupo desfavorecido e socialmente excluído, procurando formas de os integrar na sociedade”. Diariamente, centenas de voluntários distribuem refeições e agasalhos a mais de quinhentos sem-abrigo na capital. A distribuição da refeição é sobretudo um “pretexto” para estabelecer um contacto com estas pessoas e “convidá-las a falar sobre a sua vida, para posteriormente se fazer um trabalho de reinserção” – explicou. Nas refeições natalícias, cada sem abrigo tinha um voluntário a acompanhá-lo para que este “pudesse conversar”. Actualmente, a Comunidade Vida e Paz tem mais de 200 camas para “tratamento permanente”. Ao longo do ano saiem “cerca de 100 jovens para a sociedade depois de fazerem o percurso de reabilitação”. Com uma equipa multidisciplinar, “oferecemos um percurso de reabilitação, com cerca de 13 meses”. Todos os dias, os voluntários da Comunidade percorrem três circuitos em Lisboa, que passam pelas zonas dos Anjos, Santa Apolónia, Baixa, e Praça da Alegria, para entregar aos sem-abrigo uma refeição “e uma palavra amiga, que, muitas vezes, faz a diferença numa vida sem esperança”. Olhando para a sociedade contemporânea, a presidente da CVP sublinha que “infelizmente os estudos apontam para o aumento da pobreza”. Um ciclo vicioso que leva cada vez mais pessoas “para as ruas”. Perante esta situação, a irmã Maria Gonçalves apela para a “construção de uma cidade comunitária” onde se “criariam habitações, postos de trabalho e apoio à saúde”. Um dos objectivos da Comunidade para os próximos tempos. O processo ainda não avançou mais porque “não tivemos apoios suficientes” – finaliza. A Comunidade possui centros de apoio em Alvalade, Mafra, Venda do Pinheiro e em Fátima, e também centros de reinserção em Leiria, Damaia, além de uma casa para idosos em Mafra.

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