Natal do Médio Oriente ao Ocidente

Traços comuns de Jesus entre cristãos e muçulmanos

O Natal vivido na Europa ou nas “Américas ‘pagãs’ e consumistas” e no “Médio Oriente maioritariamente muçulmano” é vivido com “uma grande analogia”: “em ambos os mundos se vive o verdadeiro cristianismo em contexto ‘minoritário’”.

Para Adel Sidarus, cristão originário do Egipto a residir em Portugal, a “mensagem natalícia num meio muçulmano” enfrenta uma cultura onde impera uma imagem do divino “essencialmente transcendente e omnipotente” e em que “a crença num Filho de Deus feito homem soa ao politeísmo e à blasfémia, passível de retaliação violenta”.

No artigo que redigiu para o dossier “Natal” do semanário da Agência ECCLESIA, o docente e investigador universitário assinala que no Corão, livro sagrado dos muçulmanos, Jesus é tido como “um profeta muito particular”, um “espírito” de Deus que foi “soprado” no seio da Virgem Maria.

Para o mundo do Islão, refere o autor, “o Natal é simplesmente a comemoração do nascimento desse profeta ‘misterioso’”.

À semelhança do Natal cristão, o nascimento de Cristo no universo muçulmano celebra “o mistério do amor que liga o Deus-Criador, transcendente e omnipotente, à sua humilde e ‘infanta’ criatura”.

Ao mesmo tempo que lança um convite à rejeição da “vanglória”, “orgulho”, “prepotência” e “violência”, a festa destaca a “bondade”, “solidariedade” e “confiança na misericórdia de Deus”.

Adel Sidarus lembra que, para os muçulmanos, Jesus e a sua mãe foram as “únicas criaturas” geradas sem “‘serem tocadas por Iblís (o Diabo)’”, crença que evoca o dogma da Imaculada Conceição, assinalado pela Igreja Católica a 8 de Dezembro.

“Há que frisar (…) como é que os muçulmanos acreditam, desde os alvores do século VII, na “imaculada concepção” da Virgem Maria, isto é, mais que doze séculos antes da proclamação católico-romana do respectivo dogma (1854)”, realça.

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