Natal: Comunidade ucraniana em Portugal pede a paz para o conflito com a Rússia

Celebrações natalícias dos cristãos de Rito Bizantino vão decorrer esta terça e quarta-feira

Évora, 05 jan 2015 (Ecclesia) – As comunidades cristãs católicas e ortodoxas de Rito Bizantino vão celebrar o Natal esta quarta-feira, uma data “especial” dedicada à família e, para os imigrantes ucranianos, marcada pelas ameaças à paz por causa da instabilidade com a Rússia.

“Este ano, por causa da guerra, é um Natal especial para quem vive longe da pátria. Muitos têm familiares na guerra e neste dia vamos pedir a paz que precisamos, não só os ucranianos, mas todos”, afirmou hoje o coordenador da Capelania Nacional dos Imigrantes Ucranianos de Rito Bizantino.

O padre Ivan Hudz acrescentou em declarações à Agência ECCLESIA que esperam que o “Menino que vai nascer traga esta paz e sossego” que é necessária.

As comunidades cristãs católicas e ortodoxas de Rito Bizantino celebram o Natal esta quarta-feira, dia 7 de janeiro, e em Portugal a comunidade ucraniana tenta “cumprir” as suas tradições.

Os fiéis vão juntar-se na véspera de Natal, esta terça-feira, e fazer a Santa Ceia, com 12 pratos, número com conotação bíblica.

“O prato principal é trigo cozido com mel, nozes e sementes de papoila, para lembrarmos a nossa vida na terra”, revela o padre Ivan Hudz assinalando que ao trigo “corresponde a riqueza”.

Na Diocese de Évora, onde exerce o seu serviço pastoral para além da coordenação da Capelania Nacional, o sacerdote vai juntar também os imigrantes ucranianos que vivem em Beja para as “celebrações vespertinas do Natal e missa da meia-noite”, a partir das 21h00.

No dia de Natal, a 7 de janeiro, depois da Eucaristia, as famílias juntam-se em casa, fazem a refeição e vão visitar familiares e amigos “cantando canções de Natal, do Menino Jesus” com desejos de “paz e alegria”.

O padre Ivan Hudz, que vai celebrar o Natal, com a comunidade de padres ortodoxos, revela que há pessoas que tiram dias de férias para celebrarem esta data e assinala os patrões são “compreensivos”.

“Muitos patrões foram emigrantes e são sensíveis neste aspeto. Não temos razão de queixa”, observou o coordenador da Capelania Nacional dos Imigrantes Ucranianos de Rito Bizantino.

O rito bizantino surgiu quando há cerca de 1600 anos o Império Romano se estabeleceu na cidade de Bizâncio, onde atualmente está implantada Istambul, na Turquia.

A Igreja Católica segue maioritariamente o “calendário gregoriano”, introduzido em 1582 pelo Papa Gregório XIII, mas as comunidades de rito bizantino seguem até hoje o “calendário juliano”, que apresenta um atraso de 13 dias em relação ao calendário civil.

Em Portugal há 12 anos, o padre Ivan Hudz explica que quando chegou, em outubro de 2002, o serviço pastoral “não” estava estruturado e, neste momento, têm 27 comunidades e 12 padres.

O entrevistado revela que com o apoio da Obra Católica Portuguesa de Migrações, da Conferência Episcopal Portugal, e dos bispos diocesanos conseguem “praticar a tradição e cultura”, o que é uma ajuda para os seus compatriotas “não se sentirem desligados da sua terra e terem prática como cristãos”.

“Estamos a integrar-nos na sociedade portuguesa, às vezes é difícil porque somos de ritos diferentes e temos calendários diferentes mas estamos bem apoiados”, desenvolve o padre Ivan Hudz.

Segundo o sacerdote, a Igreja “apoia muito as pessoas” a não perderem a sua identidade pessoal, a integrarem-se e a compreenderem melhor a cultura portuguesa, “que também é muito rica”.

Atualmente, existem entre 55 a 60 mil ucranianos em Portugal, segundo dados da Embaixada da Ucrânia e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, metade do números registados em 2004 uma vez que “muitos regressaram e outros emigraram para outra terra”.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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